Título: Em 15 horas, nervos à flor da pele
Autor: Vasconcelos, Adriana; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 19/12/2008, O País, p. 4

Na sessão, que varou a madrugada, senadores improvisam e batem boca.

BRASÍLIA. O lobby pesado dos vereadores a favor da aprovação da proposta que infla o número de vagas nos legislativos municipais e a pressão do governo, que não queria encerrar o ano sem a aprovação do Fundo Soberano, levaram senadores a ataques de nervos durante as cerca de 15 horas da sessão de quarta-feira, que varou a noite e foi encerrada às 6h da manhã de ontem. Para atender a todos que tinham interesses pendentes, na maratona final de votações, os senadores aprovaram 32 projetos.

Em meio a muita discussão, bate-boca, e corrida contra o tempo, os líderes costuraram acordos, eliminaram exigências de prazos regimentais, improvisaram e chantagearam uns aos outros. E ainda perderam o jantar de fim de ano oferecido pelo presidente Garibaldi Alves, que estava pronto, em grande estilo, na residência oficial.

O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR) estava transtornado e só aceitava votar a emenda que aumentava o número de vereadores - de interesse de todos - se a oposição deixasse votar o Fundo Soberano. Bateu de frente com o líder do PSDB, Arthur Virgilio (AM) várias vezes. Quando o senador Raimundo Colombo (DEM-SC) pediu que votassem primeiro uma medida que previa liberação de recursos para Santa Catarina, Jucá ficou louco:

- Primeiro votamos o fundo, antes disso não votamos mais nada! Depois voto com o maior carinho a ajuda para Santa Catarina e a PEC dos vereadores.

- Senador Jucá, se controle! Vossa excelência está se comportando ora como dr Jekyll , ora como Mr Hyde. Esse fundo não será a salvação da pátria, ao contrário, vai levar o país para o buraco! - atacou Virgílio.