Título: Plano de defesa prioriza fronteira
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 19/12/2008, O País, p. 14

Presença de militares na Amazônia crescerá; área do pré-sal é prioridade.

BRASÍLIA. A Estratégia Nacional de Defesa, um conjunto de medidas para o setor militar nos próximos anos, foi lançada finalmente ontem pelo governo federal. As fronteiras do país e a Amazônia são prioridades, assim como as áreas onde estão as reservas de petróleo do pré-sal. Além do aumento de efetivo, dos atuais 17.000 para 25.000 militares na região, o plano prevê maior presença da Marinha na foz do Rio Amazonas, com navios-patrulha e navios-transporte, equipados com helicópteros adaptados para operações na água.

Haverá ainda uma base naval do mesmo porte da do Rio, que concentra 80% do efetivo e abriga todas as embarcações de guerra que o Brasil tem hoje.

"Quem cuida da Amazônia brasileira é o Brasil"

"O Brasil será vigilante na reafirmação incondicional de sua soberania sobre a Amazônia brasileira. Repudiará qualquer tentativa de tutela sobre as suas decisões a respeito de preservação, desenvolvimento e defesa da Amazônia. Quem cuida da Amazônia brasileira, a serviço da humanidade e de si mesmo, é o Brasil", diz o texto.

Outro foco de atenção especial da Marinha é a faixa litorânea de Santos (SP) a Vitória (ES), área do pré-sal. A proteção das plataformas de exploração de óleo e gás é uma das metas.

A estratégia de defesa marítima será negar o uso do mar a "forças inimigas" que se aproximem do Brasil. O governo quer equipar essa força com submarinos convencionais e de propulsão nuclear, além de navios de grande porte, alguns dotados de aviões de defesa e ataque com capacidade de ficar em alto-mar por longos períodos.

Serviço militar obrigatório também para mulheres

O plano não trata de recursos orçamentários para reequipar as três Forças Armadas, reorganizar a indústria de defesa e ampliar a qualificação dos recrutas. No entanto, estão previstas alterações legais para torná-lo realidade. Uma é a criação de uma estrutura, a Secretaria de Material de Defesa, que concentrará a aquisição de equipamentos e coordenará pesquisas em tecnologias.

Outro eixo central do plano de defesa é o serviço militar, que passará, de fato, a ser obrigatório para todos os brasileiros com 18 anos, inclusive as mulheres. O governo quer investir também na qualificação dos recrutas. A Escola Superior de Guerra, hoje sediada no Rio de Janeiro, será transferida para Brasília. Segundo o Ministério da Defesa, há pouca articulação da escola de ensino superior dos recrutas e o governo federal.