Título: Multidão protesta em dezenas de cidades
Autor: Malkes, Renata
Fonte: O Globo, 04/01/2009, O Mundo, p. 28

Manifestantes lançam sapatos na casa de premier britânico e queimam carros em Paris PARIS. Centenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas em dezenas de cidades do mundo árabe e da Europa em protesto contra a incursão de Israel contra a Faixa de Gaza. Manifestações em Paris, Amsterdã, Roma e Berlim arrastaram milhares de pessoas. Em diferentes cidades, principalmente em Londres, manifestantes atiraram sapatos, num gesto se tornou popular desde que um jornalista iraquiano revoltado arremessou um par no presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, durante uma coletiva no mês passado. Pelo menos 10.000 pessoas em Londres, com bandeiras palestinas, passaram em passeata em frente à residência oficial do primeiro-ministro, Gordon Brown, em Downing Street, e centenas pararam para jogar sapatos nos portões que bloqueiam a entrada para a rua. Os manifestantes gritaram furiosos diante de uma fileira de 40 policiais que faziam guarda. ¿ Venha para pegar seus sapatos, Gordon ¿ gritou uma mulher enquanto outros manifestantes entoavam para Brown slogans que diziam "Tenha vergonha". Protestos também foram registrados no Reino Unido em Manchester, Liverpool e em Glasgow. Um porta-voz disse que Brown havia conversado novamente com o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, neste sábado e está pressionando duramente por um cessar-fogo imediato. Os participantes levavam bandeiras palestinas e cartazes com frases como "Encerrem o cerco a Gaza" e "Parem com o massacre". Em Paris, a polícia disse que mais de 20.000 manifestantes, muitos com o tradicional lenço palestino na cabeça (keffiyeh), caminharam pelas ruas da cidade entoando gritos de guerra como "Israel assassino" e levando faixas que exigiam o fim dos ataques. Já no fim da manifestação, 200 a 300 pessoas tentaram se dirigir para a embaixada de Israel, mas foram impedidas pela polícia. Vários carros foram incendiados e a situação continuava tensa no fim da tarde. Protestos semelhantes estavam previstos ou em andamento em outras 30 cidades, como Marsella, Nantes, Toulouse, Perpignán, Lyon, Burdeos e Nice. Um porta-voz do governo da República Tcheca, que ocupa a Presidência rotativa da União Européia, disse que o bloco vê a invasão por terra israelense como "defensiva, não ofensiva". ¿ No momento, da perspectiva dos últimos dias, entendemos esses passos como uma ação defensiva, não ofensiva ¿ disse o porta-voz Jiri Potuznik. O maior protesto no mundo árabe aconteceu na cidade de Sakhnin, ao norte de Israel, onde 150.000 árabes protestaram e parte se enfrentou com a polícia. Em Cabul, manifestantes deram socos no ar entoando slogans contra Israel e os Estados Unidos, enquanto em Srinagar ativistas queimaram uma imagem do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert.