Título: Lei Seca já prendeu quase 4 mil
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 06/01/2009, O País, p. 3

Mas policiais rodoviários admitem que a vigilância ainda é precária.

BRASÍLIA. Em vigor há mais de seis meses, a Lei Seca levou para a prisão 3.924 motoristas bêbados, 62% do total de 6.298 condutores multados por consumo de álcool. Mesmo com o que considera ser uma pesada fiscalização, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) reconhece que a vigilância ainda é precária em locais distantes de grandes centros urbanos e diz que, hoje, há certa acomodação da sociedade. Nos primeiros meses da lei, houve redução no índice de acidentes fatais nas estradas, mas o ritmo foi diminuindo com o tempo.

Na operação de final de ano (Natal e Ano Novo), o número de multas aumentou 166% em comparação com a virada de 2007-2008, antes da edição da medida provisória e da aprovação da chamada Lei Seca, que também proíbe a venda de bebidas alcoólicas perto das rodovias. Mais de mil condutores foram multados, contra 392 do período anterior.

- A Lei Seca contribuiu para que os números não fossem piores. Cerca de mil motoristas embriagados foram retirados das rodovias antes que pudessem causar um acidente. Isso representa quase um a cada 20 minutos - disse o inspetor Alexandre Castilho, assessor de comunicação da Polícia Rodoviária.

No balanço geral do ano, quase 20% das multas aplicadas se referem a motoristas que se recusaram a fazer o teste do bafômetro, irregularidade que acarreta em multa de R$955. Mas, nesse caso, o motorista bêbado não é preso por isso.

Motoristas que estão alcoolizados pagam a multa de R$955 e perdem a carteira de habilitação por um ano. Aqueles que têm nível alcoólico acima de 0,6 grama por litro de sangue ainda são presos em flagrante.

Dos motoristas multados em 2008, mais de um terço é de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O Rio de Janeiro não está no ranking dos dez estados com mais multas da Lei Seca. São Paulo ficou em nono lugar, com 288 multas.

A Polícia Rodoviária Federal avalia que ainda pode faltar fiscalização no interior, especialmente nas pequenas cidades. A falta de bafômetros nesses locais também dificulta a aplicação de multas. O governo federal assumiu a responsabilidade e financiou a compra dos etilômetros, após verificar a dificuldade dos estados em se equipar, segundo Castilho.

Em Minas Gerais, 855 multas foram aplicadas, sendo que em 488 casos os motoristas foram detidos e em 246 houve a recusa de se fazer o teste. No Rio Grande do Sul, 677 motoristas foram autuados e, desses, 349 presos. Para a Polícia Rodoviária Federal, é inaceitável que, após a mudança na lei e as campanhas de conscientização, motoristas ainda insistam em beber e dirigir:

- O aumento no número de mortes a gente pode colocar na conta dos motoristas - disse Castilho. (Leila Suwwan)