Título: Lula discutirá com PMDB a sucessão no Senado
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 07/01/2009, O País, p. 5

Planalto cogita trocar ministros caso partido fique com as 2 Casas.

BRASÍLIA. Preocupado com a sucessão no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu convocar uma reunião com os seis ministros do PMDB a fim de encontrar uma solução para o impasse em torno da eleição para a presidência do Senado, disputada por PT e PMDB. O encontro será marcado assim que Lula retornar das férias na Bahia, na próxima semana. Caso se confirme a pretensão do PMDB de assumir o comando das duas Casas legislativas, Lula deverá fazer mudanças no Ministério de forma a reduzir o espaço dos peemedebistas na Esplanada e ampliar a cota do PT.

A ideia de uma pequena reforma ministerial seria para equilibrar os espaços no Executivo. Um dos cenários analisados seria a substituição do ministro da Saúde, José Gomes Temporão (PMDB), por um nome petista, como o do senador Tião Viana (PT-AC), o candidato do PT à presidência do Senado.

De forma reservada, o presidente já manifestou sua contrariedade com a candidatura do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), à reeleição. Do PMDB, ele aceitaria o nome de José Sarney (PMDB-AP) como solução de consenso, e deve discutir o assunto com o próprio senador, com o argumento de que os questionamentos jurídicos em relação à reeleição de Garibaldi devem inviabilizar sua candidatura.

Cúpula petista articula reação ao PMDB

O Planalto tem recebido forte pressão da bancada do PT pela manutenção da candidatura de Tião Viana. A cúpula petista também já mandou recados de que haveria reação no partido caso o PMDB fique com a Câmara e o Senado.

O Planalto e o PT apoiam a candidatura do deputado Michel Temer (PMDB-SP) como sucessor do petista Arlindo Chinaglia (SP), e o trabalho político é no sentido de evitar tumulto nessa eleição, já que a Câmara tem sido fundamental para assegurar vitórias ao governo no Congresso. Ontem, Temer teve dois encontros no Planalto: com o vice, José Alencar, e com o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. De ambos, recebeu apoio.

No fim do dia, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, confirmou que a bancada do partido vai se reunir em 21 de janeiro para decidir sobre o apoio a Temer e a eventual saída do "bloquinho" - grupo parlamentar integrado por PDT, PSB e PCdoB.

- Já há algum tempo uma parcela da bancada está insatisfeita com a existência desse bloco parlamentar - afirmou o ministro, que já manifestou simpatia também pela candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff, contra a opção do bloquinho de lançar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE).