Título: Veículos: reação em dezembro
Autor: Almeida, Cássia; Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 07/01/2009, Economia, p. 17
Com alta de 9%, vendas têm recorde de 2,8 milhões de unidades no ano.
SÃO PAULO e BRASÍLIA. Com um aumento nas vendas de 9,36% em dezembro em relação a novembro, impulsionadas pelas medidas de incentivo baixadas pelo governo, a indústria automobilística espantou o péssimo desempenho em novembro e fechou 2008 batendo recorde histórico de vendas. Segundo a Fenabrave, associação que reúne as concessionárias, no mês passado foram licenciados no país 194.550 veículos (carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões), contra 177.906 do mês anterior. Assim, o volume total de vendas da indústria no ano chegou a 2,82 milhões de unidades, número 14,54% superior ao de 2007.
O presidente da Fenabrave, Sergio Reze, destacou, porém, que esse crescimento foi obtido de forma "inercial", puxado pelo bom desempenho dos primeiros três trimestres:
- Não podemos esquecer que, em relação a dezembro de 2007, o resultado das vendas no último mês de 2008 foi 19,69% menor.
Mantega reúne indústria para decidir novas medidas
A recuperação das vendas no último mês do ano se deu graças à isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os carros populares e às reduções de alíquota para outros modelos, que o governo pôs em prática na primeira quinzena de dezembro para estimular o comércio de automóveis. Como as medidas surtiram efeito e têm vigência pelo menos até março (se não forem prorrogadas), a Fenabrave reviu sua projeção para o mercado neste ano. Em novembro, quando cobrava providências do governo, a entidade previu um recuo de 19% para as vendas de carros novos em 2009:
- Agora acreditamos em alta de 3% em relação a 2008 - disse Reze.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reúne-se hoje com um grupo de empresários, para fazer um diagnóstico dos efeitos da crise em setores importantes da economia, como automotivo, construção civil, indústrias pesadas da área de infraestrutura, siderurgia, celulose e álcool. Serão definidas medidas que vão compor o novo pacote a ser anunciado ainda este mês para evitar uma desaceleração forte da atividade econômica no primeiro trimestre do ano. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, também participará do encontro.
Uma das medidas em análise será a maior participação do Banco do Brasil na concessão de empréstimo ponte, uma espécie de adiantamento para que as empresas possam tocar projetos já enquadrados no BNDES. Outra proposta consiste na desoneração do PIS e da Cofins para toda a cadeia de bens de capital. (Colaboraram Geralda Doca e Patrícia Duarte)