Título: Debate acalorado de brasileiros dos dois lados
Autor: Malkes, Renata
Fonte: O Globo, 07/01/2009, O Mundo, p. 22

CBN reúne moradores de Gaza e de Israel.

Brasileiros que estão na região dos confrontos entre Israel e o Hamas fizeram ontem um debate acalorado, promovido pela rádio CBN. Omar El-Jamal, que está Faixa de Gaza, e Herman Richter, morador do kibutz Zikim, em Israel, distante 1,5 quilômetro da fronteira com Gaza, contaram suas impressões sobre a ofensiva e mostraram diferenças, apesar de concordarem que é urgente se chegar a um acordo de paz.

¿ Estamos há 12 dias sem luz, e sem água há quatro dias. A comida nos mercados já acabou e os bombardeios não cessam. Muitas crianças estão morrendo e muitas mulheres também. As pessoas estão com medo de chegarem até nas portas de suas casas. Ambulâncias estão sendo atacadas. Não estamos preparados como Israel para enfrentar os ataques ¿ disse El-Jamal.

Richter reconheceu o drama vivido pelos palestinos, mas retrucou afirmando que os israelenses da fronteira estão na mesma situação.

¿ A situação é muito difícil. Há alguns anos, sofremos bombardeios diários. No meu kibutz têm caído até quatro foguetes por dia e na região toda, entre 50 e 60 foguetes por dia. Acredito que os palestinos vivem uma tragédia igual à nossa ¿ afirmou, obtendo uma resposta de El-Jamal:

¿ Os ataques israelenses dos últimos dias mataram mais palestinos que os foguetes do lado de cá mataram israelenses em 12 anos.

Segundo o brasileiro que está em Gaza, a solução para a violência está nas mãos de Israel e não dos palestinos.

¿ Acho que a única solução para o problema é Israel tomar uma posição para resolver de vez a questão dos palestinos. E a resolução desse problema é fazer com que os palestinos tenham direito a uma pátria. A partir do momento que os palestinos tiverem uma pátria, não haverá mais briga ¿ disse El-Jamal.

Richter, que reclamou da demora do governo israelense em dar uma resposta aos ataques do Hamas, disse que o não reconhecimento do Estado de Israel pelos extremistas impede as negociações.

¿ O problema são os dirigentes (palestinos). Não posso aceitar que alguém numa rádio árabe diga que nós não temos o direito de existir ¿ afirmou.