Título: Guerra ajudará a aumentar déficit público Israelense para 5% do PIB
Autor: Malkes, Renata
Fonte: O Globo, 07/01/2009, O Mundo, p. 22
País gasta US$560 milhões por semana com invasão de Gaza.
SDEROT, Israel. Os custos da ofensiva militar na Faixa de Gaza podem triplicar o déficit nos cofres públicos de Israel no próximo ano. Além das projeções de desaquecimento da economia devido à crise financeira nos mercados mundiais, analistas acreditam que o país deve gastar pelo menos 2,2 bilhões de shekels (cerca de US$ 560 milhões) por semana com a chamada Operação Chumbo Derretido, contribuindo para aumentar o déficit público de 1,5% no ano passado para pelo menos 5% do PIB em 2009.
Caso a batalha se estenda por mais algumas semanas, os custos podem ainda superar os cerca de US$2,8 bilhões gastos por Israel durante a campanha contra o Hezbollah, há dois anos, quando 30 mil soldados da reserva foram acionados e mais de 237 mil bombas lançadas em 34 dias de guerra no sul do Líbano.
Soldados elogiam melhora nos equipamentos militares
Os números mostram, ainda, que cada dia de ação militar custa cerca de 100 milhões de shekels (US$26 milhões), incluindo a manutenção de caças, helicópteros, tanques e canhões, além da convocação de milhares de reservistas e de indenizações a moradores do sul de Israel que tiveram casas e negócios atingidos pelos foguetes do Hamas. De acordo com a rádio Galei Tzahal, somente a convocação de reservistas deve custar aos cofres públicos pelo menos 50 milhões de shekels (cerca de US$13 milhões), já que, pela lei israelense, o governo é obrigado a pagar aos reservistas convocados um salário calculado com base nos últimos três meses.
Ontem, o ministro das Finanças de Israel, Roni Bar On, apressou-se em rejeitar as estimativas e negar rumores de um impasse entre sua pasta e o Ministério da Defesa sobre quem pagará a conta de pelo menos 11 dias de combates na Faixa de Gaza. Num comunicado à imprensa local, ele afirmou que todos os números estão incorretos e que a economia israelense ¿ que vinha crescendo pelo menos 5% por ano ¿ não vai interromper ou prejudicar a necessidade de defesa do país.
¿ Mesmo expostos à crise econômica mundial, vamos resolver isso. Nada vai faltar às Forças Armadas e tampouco vamos deixar de nos proteger e revidar, até que os objetivos sejam alcançados e a ameaça de foguetes do Hamas, contida ¿ garantiu o ministro.
Ao contrário da segunda guerra do Líbano, em 2006, quando soldados queixavam-se do mau estado de conservação dos equipamentos militares e da falta de artigos básicos, como capacetes e coletes à prova de bala, tropas estacionadas na Faixa de Gaza afirmaram ao jornal ¿Yedioth Ahronot¿ que a logística militar melhorou ¿consideravelmente¿ nos últimos dois anos.
Maiores gastos são com aviões e munição
O economista Imri Tov, ex-conselheiro econômico do Ministério da Defesa, é outro que acredita ser prematura qualquer análise sobre os gastos militares em Gaza. Para ele, as especulações têm motivação puramente política, visando às eleições gerais, previstas para o próximo dia 10 de fevereiro.
¿ Mesmo em meio à guerra, há uma campanha política em curso e grupos tentando denegrir a atual administração e ganhar votos. É cedo para cálculos, já que o Exército não divulgou números fundamentais, como quantos soldados reservistas foram convocados, quantas bombas serão usadas e quanto tempo a ofensiva vai continuar ¿ disse Tov ao GLOBO. ¿ Os maiores gastos numa operação deste porte, no entanto, são a munição e as horas de voo, que implicam um alto consumo de combustível para helicópteros e aviões.