Título: BC reduz projeção de déficit externo para US$25 bilhões em 2009
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 20/12/2008, Economia, p. 34

Volume de remessas de empresas deve cair e diminuir desequilíbrio

Patrícia Duarte

BRASÍLIA. A crise internacional, que encareceu o dólar e vai afetar os ganhos das empresas, acabou reduzindo as projeções do Banco Central (BC) de déficit externo para o país em 2009. Isso não significa que o cenário será tranqüilo, apenas que os impactos serão atenuados: a projeção de saldo negativo das transações correntes caiu de US$33,1 bilhões para US$25 bilhões no período. Para este ano, a expectativa é de perdas de US$29,6 bilhões. O rombo continuará sendo coberto pelos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), mas estes também sofrerão os efeitos da crise.

Para 2009, o BC calcula que a entrada de recursos voltados ao setor produtivo ficará em US$30 bilhões, abaixo dos US$33 bilhões iniciais e dos US$40 bilhões previstos para 2008, cifra recorde.

- A sondagem aponta continuidade dos fluxos (de IED), porque os investidores olham mais a médio e longo prazos. Mas, com a crise, é de se esperar que alguns investimentos não se concretizem, como no setor automotivo - afirmou o chefe do departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, ressaltando que a estimativa para 2009 é ainda conservadora.

A revisão das contas correntes (operações do país com o exterior, como comércio e viagens) em 2009 deve-se sobretudo às menores remessas de lucros e dividendos pelas empresas. As saídas, segundo o BC, ficarão em US$20 bilhões, 33% menos. Neste ano, devem fechar em US$33,7 bilhões. O pagamento com juros foi alterado de US$9 bilhões para US$6,9 bilhões e o superávit da balança comercial caiu de US$17 bilhões para US$14 bilhões em 2009.

Gastos com viagens internacionais deve cair 75%

Os gastos dos turistas brasileiros com viagens internacionais também devem reduzir o déficit em transações correntes em 2009. O BC calcula agora que as saídas líquidas devem ficar em US$1,5 bilhão, 75% menos do que os US$6 bilhões calculados antes. Em novembro, os gastos ficaram em US$568 milhões, 30% menos do que um ano antes. Já a previsão de receita com os turistas estrangeiros mantém-se. As receitas com viagens internacionais fecharam novembro a US$440 milhões, mesmo patamar de 2007.