Título: Lula cobra mudanças na política monetária para enfrentar a crise
Autor:
Fonte: O Globo, 20/12/2008, O País, p. 4

FARRA FISCAL: "Tenho preocupação com o primeiro trimestre do ano que vem"

Presidente acena com novas medidas e admite desaceleração da economia

BRASÍLIA. O presidente Lula cobrou ontem, ainda que de forma sutil, mudanças na política econômica para enfrentar a crise internacional. No café com os jornalistas, no Palácio do Planalto, ele afirmou que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, conduziu corretamente a política monetária, mas considerou que é preciso fazer ajustes para a atual situação.

- Até agora a política monetária foi acertada, mas em época de crise, ela não pode ficar do mesmo jeito - disse.

Lula também acenou com novas medidas de estímulo ao crescimento e não escondeu a preocupação com os índices da economia nos próximos meses. Ele afirmou não se arrepender de ter comparado a crise que tem varrido economias a uma "marolinha", mas admitiu que o país terá desaceleração no crescimento, negando a hipótese de recessão.

JUROS: "Obviamente, esse (queda das taxas) é um ingrediente que acontece no início (do ano) ou no ano que vem. Até agora a política monetária foi acertada, mas, em época de crise, ela não pode ficar do mesmo jeito. Ele (Henrique Meirelles) é um homem inteligente e sabe o que fazer."

NOVAS MEDIDAS: "Talvez a gente precise de medidas para garantir o investimento. Até o dia 30, elas podem ser anunciadas. Ou no início do ano."

MAROLINHA: "Não estou arrependido de ter feito aquela declaração.Vocês estão lembrados que eu falei aquilo em setembro, quando a economia brasileira estava em franco crescimento - no terceiro trimestre, o PIB teve um crescimento de 6,8%. Se tivesse de falar, eu falaria novamente."

CRISE: "Tenho preocupação com o primeiro trimestre do ano que vem. Será o momento de um esforço imenso para não haver desaceleração das coisas."

CRESCIMENTO: "Continuo trabalhando com a hipótese de crescer 4% no ano que vem. Um crescimento de 6%, como estávamos esperando, seria mais gostoso. Não será recessão, mas desaceleração."

DIREITOS TRABALHISTAS: "O governo será indutor das boas causas dos trabalhadores e dos empresários neste país. Isso também não pode ser discutido em época de crise, porque em época de crise tudo fica mais difícil."