Título: Aborto: D. Geraldo Majella critica PT durante missa
Autor:
Fonte: O Globo, 29/12/2008, O País, p. 4

Religioso defende deputados do partido que são contra descriminalização da prática.

SALVADOR e BRASÍLIA. Ao condenar a prática do aborto durante uma missa ontem, o cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella, criticou o PT por abrir processo no Conselho de Ética do partido contra os deputados federais Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC), no passado. Segundo ele, os dois serão punidos por serem contra a descriminalização do aborto.

- Quando se procura até expulsar de um partido que está no poder (o PT) aqueles que não votaram pelo aborto, o que podemos esperar dessas pessoas? Não há dignidade humana. Daí vêm todas as corrupções, os mensalões, e só quem vai mesmo para a cadeia são os pobres - disse Dom Geraldo, ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O processo foi aberto no Conselho de Ética do PT em novembro, mas, segundo o presidente da sigla, Ricardo Berzoini, não tem como alvo a opinião dos parlamentares, "que é de foro íntimo e o PT respeita". A ação analisa o comportamento agressivo de Bassuma e Henrique em relação à secretária nacional de Mulheres do PT, Laisy Moriéri, durante discussão sobre o tema. Foi Laisy quem representou contra eles, que teriam chamado de assassinos os que defendem a descriminalização do aborto (posição oficial do PT).

Berzoini disse que o posicionamento do cardeal é um direito e que o processo interno "será conduzido com toda a tranqüilidade que o tema merece". O processo só deverá entrar na pauta da Executiva Nacional do PT em março ou abril.

Na missa do Dia dos Santos Inocentes, Dom Geraldo criticou as mortes de crianças e adolescentes ocorridas este ano, e incluiu o aborto como mais uma forma de violência.

- Tantas tentativas vemos para a legalização do aborto. Essa é a vitória do egoísmo. Morrem já no ventre materno, porque são bocas que aparecem para serem alimentadas e não há pão suficiente para ser repartido a todos - disse.

Da Agência A Tarde