Título: Programas até agora foram pouco eficientes
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 05/01/2009, Economia, p. 15

Meta era empregar 150 mil jovens, mas só 49,4 mil conseguiram entrar no mercado de 2003 a 2007

BRASÍLIA. Levantamento dos programas do governo para atacar o desemprego entre os jovens mostra que as iniciativas foram pouco eficientes: o subsídio aos empregadores por darem a primeira oportunidade de trabalho aos jovens não surtiu efeito e o governo decidiu acabar com essa estratégia do Primeiro Emprego. Restaram apenas os consórcios da Juventude, que oferecem bolsas a jovens mais pobres e algum tipo de qualificação.

Da meta de colocar no mercado 150 mil jovens no primeiro ano de vigência, o programa conseguiu, de fato, incluir apenas 49.415 jovens entre 2003 e 2007, com um gasto de R$319,5 milhões. Os dados de 2008 ainda não estão disponíveis, segundo o Ministério do Trabalho.

O Pró-Jovem, criado há um ano, quando o Primeiro Emprego foi remodelado e passou a incluir também ações no Ministério da Educação e na Secretaria da Juventude, também não conseguiu avançar. Ainda está na fase das matrículas.

Para o economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), medidas como as que estão sendo propostas pelo Ministério do Trabalho são mais efetivas que o Primeiro Emprego, que foi mal desenhado na sua opinião, ao beneficiar o capital. A empresa acaba investindo, qualificando o jovem e favorecendo sua inserção no mercado de trabalho, disse ele.

- Há leis que pegam e outras que não pegam. No caso das quotas para deficientes, foram contratados apenas 600 mil de um universo potencial de 1,2 milhão - disse Neri, acrescentando que há também o risco de os empregadores contratarem menos estagiários por causa do aumento de custo decorrente da nova legislação.

Lauro Ramos, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), considera normal uma eventual chiadeira dos empregadores. Ele ressalta que uma das funções das políticas públicas é influir na demanda, no caso pelos jovens, que enfrentam maiores dificuldades em obter emprego.

Ao ser perguntado sobre os efeitos das medidas, uma vez que há empresários que já enfrentam dificuldades em manter seu quadro de pessoal em tempos de crise, respondeu que o governo precisa contribuir mais:

- Caberá ao governo fazer sua parte e completar o elenco de medidas para evitar que a economia entre em recessão. (Geralda Doca)