Título: No Rio, material didático vai respeitar acordo
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 11/01/2009, O País, p. 3

Com apostilas e programas de computador, escolas públicas adotarão regras.

RIO e BRASÍLIA. As secretarias estadual e municipal de Educação do Rio vão atuar em conjunto para implantar o novo acordo ortográfico nas escolas públicas. Por mais que os livros fornecidos pelo Ministério da Educação ainda respeitem as regras antigas, será preparado um material específico para professores e alunos já com as novidades da língua portuguesa. No município, a revisão começará no dia 2 de fevereiro e vai durar 45 dias. Estão previstas atividades com apostilas produzidas para alunos e professores que explicam as mudanças e têm exercícios práticos. As crianças que estão na classe de alfabetização já aprenderão a ler e a escrever conforme as regras que entraram em vigor no dia 1º de janeiro.

- Vamos entrar de sola porque os pequenos ainda não aprenderam regra alguma. Depois da revisão que vai durar 45 dias, vamos cobrar dos alunos nas provas. Não é justo alfabetizar em regras antigas para depois adaptar - explica a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin.

As escolas do estado vão adotar o mesmo material da secretaria municipal. Além das apostilas, os professores também poderão usar programas de computador que foram instalados nos notebooks comprados pela prefeitura e pelo estado.

Segundo a secretária estadual de Educação, Tereza Porto, todos os professores serão capacitados:

- Vamos capacitar todos os professores, não só os de português, uma vez que quem ensina matemática, história ou geografia também deve dominar a escrita correta. A ideia é que os professores já iniciem o ano letivo usando as novas regras ortográficas.

Por causa das provas, pré-vestibulares não aderiram

Quando o assunto é pré-vestibular, as novas regras ainda estão longe das preocupações de alunos e professores. Em Brasília, quem está na reta final do esforço para entrar na universidade não quer saber sobre mudanças na grafia. O motivo é simples: esse tipo de questão não cairá na prova da Universidade de Brasília (UnB), no próximo fim de semana.

- A gente só sabe do acordo ortográfico por cima, por leitura de jornal. Não vai cair nada agora neste vestibular - diz Carina Brauna, de 18 anos, que tenta uma vaga no curso de medicina da UnB.

O diretor pedagógico do colégio e pré-vestibular Galois, Marcello Lasneaux, diz que seria descabido desviar a atenção dos estudantes para um assunto que não será cobrado:

- Os alunos ficam muito estressados na reta final. Trazer uma novidade a poucas semanas da prova seria uma temeridade, além de desnecessário - diz Lasneaux.

O coordenador acadêmico do vestibular da UFRJ, Luiz Otávio Langlois, diz que o período de transição de quatro anos será respeitado. Mesmo que não fosse, segundo ele, as inovações não afetariam o desempenho dos candidatos, já que as provas são discursivas e valorizam mais as ideias do que pequenos erros de grafia. (Flávio Tabak e Demétrio Weber)