Título: CPI pede à Polícia Civil que investigue delegada
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Fonte: Correio Braziliense, 20/03/2009, Brasil, p. 12

Comissão quer apuração de vazamento de informações no inquérito sobre abusos em Catanduva (SP). Médico suspeito não foi ouvido

A CPI da Pedofilia, que realizou ontem uma segunda audiência pública em Catanduva (SP), informou ontem que pedirá à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo que investigue o comportamento da delegada Rosana da Silva Vanni no inquérito sobre as denúncias de abuso sexual contra dezenas de crianças na cidade. Ao depor na comissão, Rosana admitiu que avisou o advogado de um dos suspeitos que apreenderia um computador na casa de seu cliente.

A apreensão do computador na casa do médico Wagner Rodrigo Brida Gonçalves seria em 20 de fevereiro, mas, quando a delegada chegou ao local, encontrou só o monitor. Segundo o advogado Breno Eduardo Monti, a CPU tinha sido levada para ser consertada. O presidente da CPI, senador Magno Malta (PR-ES), está convencido de que o comportamento da delegada pode ter comprometido as investigações. ¿Certamente, essa atitude vai redundar na impunidade de muita gente¿, disse ontem.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo não se pronunciou sobre o caso. O imóvel onde o médico mora com os pais é apontado pelas crianças como ¿a casa com suíte, banheira de rico e piscina¿, onde elas teriam sido molestadas. O médico teve prisão provisória decretada, esteve foragido, mas obteve habeas corpus na quarta-feira à noite. A família nega envolvimento do profissional com crimes de pedofilia.

A CPI determinou a busca de ambos pela PF. Os senadores ainda esperavam, no início da noite, que a PF pudesse ter sucesso nas buscas, mas a captura não se concretizou. Com isso, os senadores encerraram os trabalhos em Catanduva sem conseguir ouvir Wagner e o empresário José Emmanuel Volpon Diogo, considerados os principais suspeitos da ¿banda rica¿ da rede de pedofilia investigada na cidade. ¿Eles estão sendo procurados, e, se não depuserem aqui, vão depor em Brasília¿, disse o senador Romeu Tuma, relator da CPI.

Presos Ontem, foram ouvidos seis suspeitos de cometer os crimes, entre eles o borracheiro José Barra Nova de Melo, o Zé da Pipa, que não respondeu às perguntas dos senadores. Ele responde pelo mesmo crime em Minas e Pernambuco e tem contra si dois exames positivos de corpo de delito por ter violentado duas crianças em Catanduva. Todos os ouvidos, que estão presos, rejeitaram as propostas de delação premiada. Foram ouvidos também pais de crianças abusadas, que mais uma vez tiveram o rosto coberto por capuzes.

Enquanto os depoimentos eram colhidos, um grupo de aproximadamente 50 moradores fazia protesto diante da Câmara Municipal. Os senadores pretendiam ouvir também as 40 crianças que teriam sofrido abuso, mas a tarefa foi transferida para a Promotoria e o Juizado da Vara da Infância e da Juventude de Catanduva, onde corre o inquérito policial que apura o caso.

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O número Barbárie 40 crianças foram abusadas sexualmente por uma rede de pedófilos em Catanduva (SP)