Título: Governador abre os cofres para obras em Brasília
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 13/01/2009, O País, p. 9

Arruda planeja inaugurar até 2010 o maior número de intervenções de Niemeyer desde a fundação da capital.

Bernardo Mello Franco

BRASÍLIA. Às vésperas do cinquentenário de Brasília, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), sonha viver seus dias de Juscelino Kubitschek - o presidente que ergueu a cidade em apenas cinco anos. Apesar da crise econômica, ele planeja abrir os cofres públicos para inaugurar, até 21 de abril de 2010, o maior conjunto de obras de Oscar Niemeyer desde a fundação da capital. Alguns projetos acabaram de sair da prancheta do arquiteto, mas Arruda diz que vai deixar tudo pronto para a festa dos 50 anos da cidade.

Dos seis edifícios previstos, só o menor, uma sala de música, começou a ser construído. As três obras orçadas custarão R$173,4 milhões. As outras - entre elas o sambódromo que funcionará ainda como "forródromo" - não têm custo estimado.

A menina dos olhos de Arruda é a torre de TV digital, com 150 metros de altura. Por causa dessa obra, o início das transmissões em Brasília, previsto pelo Ministério das Comunicações para abril de 2009, foi adiado em um ano. Para o governador, essa obra ofuscará cartões-postais como o Palácio do Planalto, o Alvorada e o Congresso:

- A torre será o ponto turístico mais visitado da cidade. Será para Brasília o que o Cristo Redentor é para o Rio.

Para desenhar a torre, Niemeyer recebeu R$2 milhões. A obra foi licitada por R$52 milhões. Segundo Arruda, Goiânia, a 200 quilômetros da capital, poderá ser avistada do topo da torre.

Sexta-feira, o arquiteto apresentou o croqui do que promete ser a maior polêmica do pacote: a Praça da Soberania, no canteiro central da Esplanada dos Ministérios. Niemeyer afirma que a obra não altera o projeto urbanístico de Lucio Costa. Estão previstos estacionamento subterrâneo de três mil vagas, memorial dos ex-presidentes e uma torre inclinada que lembra uma pirâmide. Ontem, ao falar do último giro do arquiteto pela capital, em dezembro, Arruda se empolgou no paralelo histórico:

- Qual faraó visitou as pirâmides do Egito?