Título: Minc cobra de Mangabeira agilidade para o Plano Amazônia Sustentável
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 14/01/2009, O País, p. 4

Ministro do Meio Ambiente diz que medida ainda "não deslanchou".

BRASÍLIA. O plano do governo para regularizar as terras da Amazônia prevê a retomada, pela União, de áreas públicas invadidas com extensão superior a 2.500 hectares. O principal objetivo do projeto será enquadrar os maiores grileiros da floresta, disse ontem o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. No mesmo dia em que prometeu dar fim ao caos fundiário na região, o responsável pelas políticas de longo prazo foi cobrado pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a tirar do papel as primeiras medidas do Plano Amazônia Sustentável (PAS).

Segundo Mangabeira, o presidente Lula deve enviar o projeto ao Congresso nas próximas semanas. O texto ainda prevê a doação dos lotes de até 400 hectares a agricultores familiares:

- O projeto tornará irregulares essas posses gigantescas na Amazônia. As áreas ocupadas por aventureiros e desbravadores ficarão suscetíveis de serem recuperadas pela União.

O texto mantém a regra que permite a venda sem licitação de terras públicas de até 1.500 mil hectares na Amazônia. Por causa disso, os ambientalistas o apelidaram de MP da Grilagem.

Ontem, em encontro fechado, Mangabeira tentou aparar as arestas com Minc. Segundo o ministro do Meio Ambiente, a demora no PAS pode retardar a aplicação de verbas do Fundo Amazônia, com doações de países estrangeiros para projetos de desenvolvimento sustentável. De manhã, Minc disse que o plano "não deslanchou". Após a reunião, afirmou que a insistência na regularização fundiária estaria atrasando medidas mais simples. O PAS foi anunciado há mais de oito meses, mas ainda não saiu do papel.