Título: Sindicatos da PF criticam cargo para Lacerda
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 14/01/2009, O País, p. 4

Posto de adido é só para delegados da ativa, alegam policiais

BRASÍLIA. Entidades sindicais ligadas a agentes e delegados da Polícia Federal decidiram ir à Justiça para tentar barrar a indicação do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Paulo Lacerda para o posto de adido policial na embaixada brasileira em Portugal. Com o argumento de que o cargo deve ser ocupado por um delegado da PF que esteja na ativa - Lacerda é delegado aposentado -, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) e o Sindicato dos Delegados da Polícia Federal (Sindepol) tentarão anular a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para os sindicalistas, ao escolher o ex-diretor da PF para ser adido policial, o governo ignorou uma instrução normativa baixada pelo próprio Lacerda, em 2005, que estabelece como pré-requisito para o cargo que o interessado seja um delegado da ativa. A direção da PF informou ontem que o presidente tem poder para escolher os adidos que quiser.

"É um desmoronamento do estado de direito"

O presidente do Sindepol, Joel Zarpello Mazzo, disse que não tem nada contra Paulo Lacerda e afirmou que, se ele concorresse ao cargo, seu nome certamente estaria na lista tríplice a ser enviada ao presidente.

- Pelo seu currículo, certamente estaria entre os melhores. O que não pode é a vontade política sobrepor à legislação. É um desmoronamento do estado de direito. Vamos à Justiça, sem dúvida - disse Zarpello.

O presidente da Fenapef, Marcos Vinício Wink, afirmou que o departamento jurídico da federação estuda se entra com um pedido de mandado de segurança para suspender a nomeação ou com uma representação no Ministério Público, para que a Procuradoria ajuíze uma ação civil pública.

- Há critérios técnicos para a indicação de um adido policial, e o Paulo Lacerda furou a fila. Seguramente ele está tomando o lugar de alguém - disse Marcos Wink.