Título: Em economia livre, Brasil cai para 105º
Autor:
Fonte: O Globo, 14/01/2009, Economia, p. 21

Peso dos impostos e tamanho do Estado fazem país perder 4 posições.

O tamanho do Estado e a elevada carga tributária fizeram o Brasil cair no ranking de liberdade econômica elaborado pela instituição americana Heritage Foundation. Segundo a edição 2009 do relatório, divulgada ontem, esses dois fatores ofuscaram o pequeno avanço conseguido na área financeira - em que são avaliadas a segurança dos bancos e seu nível de independência em relação ao governo -, levando o Brasil a ficar na 105ª posição numa lista de 183 nações. Em 2008, estávamos no 101º lugar. Hong Kong manteve a liderança pelo 15º ano consecutivo, seguido por Cingapura e Austrália.

A pesquisa, feita desde 1995, avalia dez indicadores: as liberdades comercial, financeira, de investimento, fiscal, monetária e de trabalho, além de tamanho do setor público, direitos de propriedade, independência dos negócios em relação ao governo e peso da corrupção. Com base nesses critérios, calcula-se uma porcentagem de liberdade de cada economia. A Heritage Foundation argumenta que países com alto nível de liberdade econômica proporcionam níveis igualmente elevados de prosperidades e de renda per capita. Os dados usados no estudo são referentes à segunda metade de 2007 e primeira metade de 2008.

Brasil está abaixo da média regional

Com 56,7% de liberdade econômica no ranking 2009, o Brasil ficou praticamente estável em relação ao ano anterior, quando seu resultado foi de 56,2%. Como outros países tiveram melhora mais significativa, porém, descemos na lista. A Costa Rica, por exemplo, assegurou o 46º lugar com o avanço de 64,2% para 66,4% no percentual de liberdade de sua economia. Para efeito de comparação, Hong Kong é considerado 90% livre.

De acordo com o relatório, o Brasil também está abaixo da média regional, ocupando o 21º lugar entre os 29 países da América do Sul e Central avaliados pela fundação.

Controle da inflação é elogiado em relatório

No quesito liberdade fiscal, a Heritage Foundation destaca o peso dos impostos na economia. No indicador que avalia o tamanho do Estado, o relatório ressalta que, "além do serviço da dívida, os gastos do governo estão focados principalmente em pensões, transferências para governos locais e burocracia", o que faz o percentual de liberdade nesta categoria ficar em 50%.

A instituição também enfatiza como fatores negativos o tempo que se leva para abrir uma empresa no Brasil e a percepção de corrupção, que tem o pior resultado por segmento, de 35%. Os melhores resultados estão nas áreas monetária (77,2%) - com destaque para inflação -, comercial (71,6%) e de trabalho (62,7%).

Os últimos quatro países da lista - Afeganistão, Iraque, Liechtenstein e Sudão - aparecem sem resultado, por falta de dados. Logo acima ficou a Coréia do Norte, com apenas 2% de liberdade econômica, na 179ª posição.