Título: Os planos da nova secretária de Estado
Autor: Martins, Marília
Fonte: O Globo, 14/01/2009, O Mundo, p. 25

Na sabatina do Senado, a futura secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, delineou aspectos do futuro da política externa americana, e marcou diversas diferenças em relação ao governo Bush.

CUBA: Obama pretende aliviar a pressão sobre Cuba, eliminando restrições de trânsito de pessoas e dinheiro, segundo Hillary. O presidente eleito "está comprometido a levantar as restrições de viagem de famílias e de remessas de dinheiro. Ele crê que os cubano-americanos são os melhores embaixadores para a democracia e o livre mercado".

AMÉRICA LATINA: Hillary prometeu que os EUA de Obama retomarão uma "forte associação" com a América Latina. "Em toda a região, temos chance de melhorar nossas relações de forma a beneficiar a todos. Voltaremos à politica de uma participação vigorosa, de associação com a América Latina." Segundo Hillary, "compartilhamos interesses políticos, econômicos e estratégicos com nossos amigos do sul, assim como muitos de nossos cidadãos têm legados ancestrais e culturais".

RÚSSIA: Hillary afirmou que mudará a relação entre Washington e Moscou, marcada no governo Bush por uma elevação no tom da retórica. Ela frisou que uma das prioridades será a renovação do Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start-1), que expira no fim deste ano. "O presidente está profundamente comprometido com essas negociações." Hillary também disse que a questão da não-proliferação nuclear será uma das principais iniciativas do próximo governo.

CHINA: A relação com a China deverá ser marcada por uma relação "positiva e de cooperação". Segundo Hillary, o país é um "ator de importância crítica numa paisagem global que está mudando". No entanto, ela frisou, que as relações com Pequim "dependerão das escolhas que a China fizer sobre seu futuro, internamente e no exterior".

CORÉIA DO NORTE: Numa mudança, Hillary disse que os EUA poderão conversar bilateralmente com a Coréia do Norte, como quer o país asiático, e não apenas dentro do grupo de seis países (com China, Japão, Rússia e Coréia do Sul). As reuniões a seis "são uma estrutura que o presidente eleito e eu acreditamos ter mérito, mas também fornecem uma oportunidade para um contato bilateral entre Coréia do Norte e EUA."

CRISE MUNDIAL: Hillary frisou a importância da diplomacia num momento de crise mundial. "A História nos ensina as consequências dos erros diplomáticos e reações não coordenadas. Sabemos que mercados emergentes como China, Índia, Brasil, África do Sul e Indonésia estão sentindo os efeitos da atual crise. Todos nos beneficiaremos se eles forem parte da solução."