Título: Italianos comemoram: É emblemático
Autor: Araújo, Vera Gonçalves de
Fonte: O Globo, 15/01/2009, O País, p. 3

Ex-ativistas se surpreendem com decisão de Tarso e esperam aval do STF.

Ex-ativistas italianos que tiveram sua extradição rejeitada pelo Brasil comemoraram ontem o asilo político concedido pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, a Cesare Battisti, e dão como certo o arquivamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do pedido de extradição.

- Estou muito contente. Era um caso difícil, a Itália apostava tudo para que ele fosse extraditado, e o Brasil teve enorme espírito de visão - festejou Pietro Mancini, 57 anos, 29 no Brasil.

Mancini foi preso em sua produtora em Botafogo, em 2005. Considerado culpado por ações terroristas e homicídio nos anos 70, teve o pedido de extradição negado pelo Supremo. O mesmo ocorreu com Luciano Pessina, Achille Lollo, Pasquale Valitutti e, ao que tudo indica, Battisti.

- O caso de Battisti é o mais emblemático. E foi político, concedido por um ministro. A Itália não tem democracia suficiente, e o Brasil mostrou não ser subserviente - afirma Mancini.

Membro do Comitê de Assistência a Refugiados Políticos (Carp), que atua nesses casos, Pessina se surpreendeu:

- Battisti não pode ser extraditado porque seus crimes são políticos e sua pena é perpétua, duas condições nas quais o Brasil não concede extradição. Mas, sinceramente, fiquei surpreso com a decisão do ministro.

- Acho que nunca mais vai acontecer uma volta aos pesadelos, como a Itália quer. É preciso olhar para a frente, deixar o passado - disse Mancini.