Título: No Brasil, Citibank nega venda
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 17/01/2009, Economia, p. 25

Lucro, no entanto, teve queda de 16,6% em nove meses.

SÃO PAULO. A direção do Citibank reafirmou ontem, em comunicado, que "não há nenhuma intenção de vender o negócio" no Brasil, que foi confirmado como "estratégico para a companhia e para o futuro do Citi dentro da nova estrutura do Citicorp". Mas o balanço de setembro passado (o mais recente publicado no país) mostra que a filial brasileira teve de destinar recursos para ajudar a reduzir o buraco contábil da matriz, nos Estados Unidos.

O patrimônio líquido no Brasil encolheu de R$4,580 bilhões, em setembro de 2007, para R$4,248 bilhões em setembro do ano passado - a diferença, de 7,2%, foi remetida para a matriz na forma de dividendos. Além disso, o Citi Brasil sempre dependeu muito das linhas externas de financiamento repassadas pela direção do grupo. Essa fonte parece ter secado depois do recrudescimento da crise financeira. Pelo balanço de setembro, o ingresso de recursos foi de R$1,8 bilhão, contra R$6,3 bilhões de um ano antes.

- Se esse padrão for mantido por muito tempo, o banco não terá caixa para financiar o crescimento de suas operações no país, que ficará restrito - afirma Luís Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.

Ainda pelo balanço, o lucro líquido acumulado nos nove primeiros meses de 2008 foi de R$1,279 bilhão, com queda de 16,6% em relação ao mesmo período de 2007 (R$1,534 bilhão). Neste caso, o resultado foi influenciado principalmente pela variação do dólar, com impacto nas receitas com títulos e valores mobiliários.

Apesar dos desmentidos, os rumores de que o Citi poderia reduzir sua participação no Brasil já vêm desde o início do ano passado. Durante esse período, o grupo abriu mão, por exemplo, das operações de varejo na Alemanha. Se algo parecido acontecer também no Brasil, analistas apontam Bradesco e Banco do Brasil como os principais interessados na compra desses ativos.

O Sindicato dos Bancários de São Paulo protestou contra as 400 demissões do Santander/Real. A instituição não confirmou o total de cortes.