Título: Dnit: rodovia protegerá área da degradação
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 18/01/2009, O País, p. 3

BRASÍLIA. O Ministério dos Transportes não quis falar das divergências com a área ambiental do governo. Transferiu a tarefa ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O órgão alegou não estar preocupado com o custo das demandas ambientais para asfaltar a BR-319. Para o Dnit, o problema é o tempo. O atendimento dos pré-requisitos pode atrapalhar o cronograma elaborado para que a estrada esteja funcionando até o fim de 2011.

Segundo o coordenador-geral de Meio Ambiente do Dnit, Jair Sarmento, houve consenso no governo sobre a importância das medidas contra o desmatamento. Para ele, a região estará mais protegida com a estrada do que sem ela.

- As unidades de conservação constituirão um cinturão de proteção da rodovia, para evitar ocupação desordenada. Haverá estancamento do desmatamento. O risco de a região se degradar sem a estrada é maior. Onde não há a presença do Estado, chegam as frentes pioneiras e vão devastando tudo - diz.

O desafio é atender aos critérios ambientais sem atrasar a obra. Hoje, 30 técnicos do Dnit estão no local levantando informações para o Estudo de Impacto Ambiental e para o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (EIA/Rima), exigido pelo Ibama para a concessão de licença prévia. O texto fora entregue ao órgão em novembro do ano passado e considerado incompleto. Até meados de fevereiro, o Dnit espera devolver o EIA/Rima e começar a obra em julho.

- Temos um tempo milimetrado em função da natureza da região. As águas começam a baixar em maio, e só se pode construir de junho até o fim de outubro. No ano que vem, teremos condições de concluir a estrada. A obra vai ser iniciada este ano - afirma Sarmento.

Para o diretor de licenciamento do Ibama, Sebastião Pires, é possível que isso aconteça, desde que toda a documentação seja apresentada e as condições ambientais, cumpridas.

- Depende mais do empreendedor do que da gente - diz.

Como as duas pontas da BR - cerca de 200 quilômetros próximos a Manaus e outros quase 200 quilômetros em Porto Velho - estão com o asfalto preservado, o licenciamento diz respeito aos 400 quilômetros entre essas extremidades.

O Dnit diz que comparou alternativas de transporte para ligar Porto Velho a Manaus e defende que a rodovia é uma vontade da população. Hoje, há duas opções para o escoamento de produção de Manaus para o centro do país e para o cidadão que deseja visitar um parente mais ao sul da região: de barco, viagem que leva de três a quatro dias, ou de avião, que não está ao alcance de todos.

oglobo.com.br/pais