Título: Novos cortes em discussão
Autor: Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 23/03/2009, Política, p. 03
Em reunião ontem, Sarney e Heráclito concordam que ainda é preciso tornar a estrutura da Casa mais enxuta. Eles encomendaram relatório técnico para avaliar que diretorias podem também ser extintas
A onda de escândalos envolvendo a área administrativa do Senado foi o assunto de uma reunião informal ontem entre o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI). No encontro, ambos concordaram que é preciso reduzir ainda mais o número de diretorias e tornar a estrutura mais enxuta. Na prática, isso significa desfazer o organograma de excesso de cargos criados durante os 14 anos em que Agaciel Maia permaneceu à frente da diretoria-geral e colocar um freio ao inchaço da Casa, que multiplicou o número de diretores na última década para atender aos interesses de senadores e funcionários do alto escalão. Os dois vão voltar a discutir o assunto esta semana e prometem anunciar novos cortes em breve.
Antes de decidir quais diretores vão perder o cargo e a gratificação, que varia de R$ 2 mil a R$ 2,2 mil, presidente e secretário querem ouvir opiniões dos técnicos sobre a importância ¿ ou a falta dela ¿ de cada uma das 131 diretorias que ainda restam. Para isso, pediram um relatório sobre quem são e qual é a situação funcional de cada um dos diretores que permanecem.
Para enxugar a estrutura, Sarney e Fortes concordaram que a Mesa Diretora deve aprovar um ato extinguindo por completo as áreas dirigidas por alguns dos 50 diretores cortados na semana passada.
Os novos cortes representam mais um sinal de que José Sarney pretende resolver rapidamente a onda de denúncias que assombra o Senado. No encontro de ontem, ele voltou a dizer que o Legislativo precisa cumprir seu papel de legislador e para isso deve encerrar de vez as críticas e os escândalos que envolvem a área administrativa da Casa.
Menos 50 Os novos cortes representam mais um capítulo da novela em torno da crise instaurada na estrutura administrativa do Senado. Na última sexta-feira, 50 servidores perderam o status de diretor. Os nomes dos degolados foram escolhidos pelo atual diretor-geral, José Alexandre Gazineo, e apresentados ao primeiro-secretário da Casa, a quem coube dar o aval.
Depois do anúncio oficial feito pelo presidente José Sarney, Gazineo contou que a escolha dos diretores demitidos levou em consideração a importância das funções de cada diretoria, de modo a atingir apenas os setores de ¿menor conteúdo¿.
Gazineo, aliás, era diretor adjunto de Agaciel e participou da criação da estrutura inchada que hoje é o pivô da crise vivida pelo Senado.