Título: Gestores defendem necessidade de cortes
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 03/01/2009, O País, p. 3

Paes, Kassab e Lacerda dizem que, no momento, é importante reduzir custos.

RIO, SÃO PAULO e BELO HORIZONTE. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), concordou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a necessidade de se fazer investimentos, mas defendeu os cortes de gastos:

- Cada situação é uma situação. O presidente quer chamar a atenção para um clima de otimismo para a gente avançar, e nós vamos fazer isso, organizando a casa, as finanças, e vamos investir. Ele tem toda a razão. Não se pode, por causa de crise, diminuir a atividade econômica no Brasil, mas temos obrigação de organizar a máquina da prefeitura. Então, neste primeiro momento, os cortes são naturais.

O prefeito reeleito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), disse que criar novas secretarias, como a da Desburocratização, entregue ao deputado estadual Rodrigo Garcia (DEM), aliado e ex-sócio, não significa mais despesas para a prefeitura. Segundo ele, que prometeu cautela com os gastos municipais no discurso de posse, as seis secretarias criadas desde janeiro do ano passado não são novas, mas estruturas que já existiam na administração e apenas mudaram de status.

- As novas secretarias não são novas. Elas já existiam na estrutura da prefeitura como coordenadorias. O que mudou foi o status. Em vez de coordenador, agora temos secretário - explicou Kassab, que no discurso de posse, na quinta-feira, afirmou que é preciso "navegar com cautela" diante dos efeitos da crise econômica mundial.

Kassab diz que nova estrutura é questão de gestão

Justificando a criação da Secretaria de Segurança Urbana, o prefeito paulistano disse que já existia uma coordenadoria que tratava do assunto:

- Esse trabalho da segurança urbana é tão importante que é referência para o governo federal em projetos de amplitude nacional.

Outro exemplo citado por Kassab foi a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, que também era uma coordenadoria na estrutura administrativa. Segundo ele, foram criados 35 novos parques e outros 40 serão implementados na nova gestão, números que justificariam a mudança de status, para o prefeito.

- É uma questão de gestão, de estrutura com status diferente - disse Kassab, anunciando que a austeridade administrativa será colocada em prática com a extinção de 30% dos cargos comissionados na administração das empresas municipais.

Com seis secretarias criadas em cerca de um ano, a prefeitura de São Paulo terá 27 pastas, o maior número entre as capitais brasileiras. Os novos espaços na administração paulistana ajudam o prefeito a abrigar seus aliados políticos que colaboram para a vitória da reeleição.

Na avaliação de Kassab, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está certo ao recomendar aos novos prefeitos que façam investimentos e não parem obras, que geram empregos, distribuem renda e ativam a economia dos municípios.

- Está certo o presidente. E é isso que estamos fazendo em São Paulo. Não vamos parar com os investimentos - afirmou.

É preciso aguardar até o fim de março, diz Lacerda

Kassab disse que duas de suas principais prioridades para a cidade, as áreas de saúde e educação, terão investimentos com a construção de hospitais e escolas.

Um dia depois da posse, quando anunciou mudanças orçamentárias por causa da crise financeira mundial, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), disse ontem que os primeiros cortes devem acontecer nos novos investimentos previstos, de acordo com a Lei Orgânica do município:

- É isso o que a Lei Orgânica do município determina, mas é cedo para definir. Vamos aguardar até o final de março para ter uma visão mais clara do impacto real da redução da atividade econômica. Em Belo Horizonte, não vamos ter qualquer calamidade econômica.

Márcio Lacerda anunciou ontem que 250 cargos foram cortados na prefeitura e que poderá haver novos cortes. Ele não detalhou como serão feitas as mudanças, em que áreas e a previsão do volume de recursos.

Já o secretário de Finanças, José Afonso Bicalho, disse que o maior temor da nova administração é que os recursos para investimentos liberados pela CEF e pelo BNDES acabem sendo prejudicados.

- Os ajustes serão de investimentos, mas, como temos um esquema muito grande de obras com recursos vinculados, como no caso do PAC, podemos ter algum adiamento de investimentos e não cortes - disse Bicalho.