Título: Lula pede a prefeitos que gastem
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 03/01/2009, O País, p. 3

Presidente defende obras de infra-estrutura para gerar empregos e renda na crise.

Um dia depois de prefeitos de diversas cidades assumirem o cargo prometendo cortes por causa da crise econômica mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os que planejam reduzir investimentos em infra-estrutura. Lula disse que a aplicação de dinheiro em obras, além de benefícios para a comunidade, gera empregos e renda. O presidente evitou, no entanto, condenar os prefeitos que querem apenas cortar as despesas de custeio da máquina pública e confirmou, para 10 de fevereiro, uma ampla reunião com os prefeitos que tomaram posse na quinta-feira.

- Eu ouvi prefeitos dizendo que vão fazer contenção de custeio. Custeio não é investimento. Agora, se o prefeito tiver uma obra e ele resolver parar, eu pergunto: qual dinheiro mais bem empregado do que numa obra? Porque a obra vai trazer benefício para a comunidade, vai gerar emprego para a comunidade, vai distribuir renda e, conseqüentemente, mais renda para o município - disse o presidente.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), anunciou ao assumir um corte orçamentário de R$1,5 bilhão em pessoal e contratos. Já o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), afirmou que só serão preservadas de cortes as áreas de saúde, educação e transportes. Lula defende a manutenção dos investimentos públicos em obras como instrumento de combate à crise econômica internacional.

- Eu acho que nenhum prefeito, nenhum governador, e muito menos o governo federal deve parar qualquer obra de investimento na área de infra-estrutura. Já disse, já afirmei que, no governo federal, nós vamos combater essa crise internacional fazendo mais investimento, mais ferrovia, mais rodovia, mais escola, porque é assim que a gente combate a crise - argumentou.

"Para não perder o trem da história"

O presidente disse que o país precisa estar preparado para "não perder o trem da história" quando a crise terminar. Para Lula, o Brasil tem de trabalhar com a convicção de que os países ricos têm mais interesse de resolver a crise, porque estão em recessão, enquanto aqui a previsão é que haverá uma desaceleração da economia.

- Estou convencido de que nós precisamos estar preparados para quando a crise acabar. Se estivermos fazendo um investimento e a gente parar agora para começar quando a crise terminar, nós poderemos perder o trem da história - afirmou.

Bastante descontraído depois de três dias em Fernando de Noronha, Lula usou o exemplo do Corinthians, que está reforçando o time, para mostrar como o Brasil tem que se comportar:

- Quando a crise acabar, o país que estiver mais preparado leva vantagem. Ou seja, você não pode deixar para contratar um jogador quando o campeonato começa. Ou você contrata antes, como o Corinthians está fazendo, e vai para a frente ou, quando o campeonato começar, você vai levar desvantagem, até contratar, até se entrosar, até começar.

Lula disse que o país tem de ver a crise como uma oportunidade para trabalhar com mais vontade e reduzir a burocracia que retarda os investimentos públicos e atrasa as obras.

- Eu tenho dois anos de governo e quero aproveitar para provar que a minha tese está certa. Ou seja, contra a recessão, contra o desemprego e contra a crise internacional, mais investimento, mais emprego e mais renda - disse.

oglobo.com.br/pais