Título: DEM e PT dizem ser natural aliança Marinho-Kassab
Autor: Lima, Maria; Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 03/01/2009, O País, p. 5

Prefeito de São Paulo defende acordo pelo qual seu partido vai garantir maioria para petista em São Bernardo

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Dirigentes de DEM e PSDB afirmaram ontem que a aliança dos dois partidos não será abalada com a dobradinha DEM-PT em São Bernardo, o berço do petismo, celebrada entre os prefeitos Luiz Marinho (PT) e Gilberto Kassab (DEM). O acordo teve o aval do presidente Lula e do governador José Serra. Pela aliança, dois vereadores do DEM vão apoiar a administração petista, garantindo maioria a Marinho. Em troca, o DEM terá pelo menos uma secretaria, um cargo na direção da Câmara e ainda o apoio de Marinho para Kassab consolidar sua liderança na região metropolitana.

O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), minimizou o impacto da aproximação:

- O prefeito Kassab, como presidente do partido em São Paulo, sabe exatamente os limites que devem marcar essa aliança local. Ele sabe que, em nível nacional, a prioridade é a aliança com PPS e PSDB, da qual é um dos maiores entusiastas. O impacto dessa aliança em 2010 é zero.

Kassab diz que alianças desse tipo são comuns no país

Para Kassab, alianças como essa são comuns pelo país:

- Existem inúmeras cidades com esse mesmo tipo de aliança. É questão local. Então é comum a participação dos democratas, até do PSDB, em alianças como essa de São Bernardo.

Maia afirma o acordo não cria problemas com o PSDB:

- Não acho que o governador Serra entraria nisso se enxergasse reflexos na eleição de 2010. Seria o principal prejudicado. Isso acontece em São Bernardo por causa da proximidade de Marinho com o presidente.

O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), concorda:

- Essa aliança municipal não tem a menor relevância em termos nacionais. Serra apoiou com razão, não tem o que temer. São características locais.

Para Berzoini, DEM e PT têm diferenças profundas

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), admite que a proximidade de Marinho com Lula gera especulação, mas lembra que em vários municípios o PT faz parte da base de governos da oposição, e vice e versa:

- Não há nada de simbólico. É uma circunstância local, em que o prefeito articula a formação de sua base na Câmara. Se ele e os dirigentes do DEM se entendem, não tem constrangimento. Temos a convicção de que DEM e PT têm diferenças programáticas profundas, e não passa de um acordo local para dar governabilidade ao prefeito.

Mesmo envolvendo um ex-ministro próximo ao presidente Lula, Kassab também diz que o acordo em São Bernardo não terá conseqüências eleitorais:

- Não haverá absolutamente nenhum desdobramento tendo em vista 2010.

Para o ex-governador Cláudio Lembo (DEM), que assumiu a Secretaria de Negócios Jurídicos da prefeitura paulistana, a aliança de São Bernardo é natural:

- Há dois momentos na política. O primeiro é o eleitoral, quando há o confronto de idéias. E o segundo é o administrativo, quando todos convergem para o bem da população.

oglobo.com.br/pais