Título: Petrobras adia parcela de participação no lucro
Autor: Segalla, Vinícius; Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 09/01/2009, Economia, p. 25

Federação de Petroleiros estima que até R$320 milhões não serão pagos em janeiro deste ano.

RIO e ITABIRA. A crise financeira internacional atingiu em cheio os cerca de 60 mil funcionários da Petrobras. A empresa comunicou à Federação Única dos Petroleiros (FUP) e demais sindicatos da categoria que não vai adiantar parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) relativa ao 2008, geralmente paga em janeiro.

A Petrobras costumava adiantar entre 30% a 40% da PLR nos meses de janeiro. O diretor Financeiro da FUP, José Genivaldo Silva, calcula que o total de PLR de 2008 deve ficar en torno de R$800 milhões. O que significa que de R$240 milhões a R$320 milhões deixarão de ser antecipados aos trabalhadores.

Nos últimos meses, com dificuldades no fluxo de caixa, a Petrobras recorreu a empréstimos-ponte no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal.

O diretor da FUP, que participou da reunião com a Petrobras na última quarta-feira, disse que a companhia justificou sua decisão com a crise:

- A Petrobras alegou as dificuldades de crédito no mercado nacional e externo e a necessidade de manter seu programa de investimento, para não adiantar a PLR.

Empresa diz que tem prazo até abril

A Petrobras confirmou que não adiantará a PLR de 2008 este mês. A empresa alegou que, pela legislação atual, só é obrigada a pagar a PLR após a realização da Assembleia de Acionistas, que será realizada em abril. A data do pagamento será definida na assembleia. O valor a ser concedido de PLR varia de acordo com o pagamento de dividendos a acionistas. Segundo Silva, a Petrobras costuma destinar cerca de 12% do valor dos dividendos para pagamento da PLR e fez provisões de R$7 bilhões para pagamento de dividendos.

O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo no Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-Rio) informou que os funcionários da estatal receberam de R$5 mil a R$12,5 mil em PLR no ano passado. Apesar de a Petrobras não ser obrigada por lei a antecipar a PLR, o diretor do Sindipetro-Rio Eduardo Henrique lembra que os empregados da companhia não podem ser prejudicados pela crise e diz que o sindicato pretende reagir.

Itabira para em protesto contra Vale e empreiteiras

E a cidade de Itabira, a 100 km de Belo Horizonte, foi palco de protestos contra demissões promovidas pela Vale e empreiteiras vinculadas à empresa. Cerca de 1.500 pessoas participaram da manifestação, segundo a Polícia Militar.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Extrativa de Itabira, são quase duas mil demissões no município, entre funcionários da Vale e empreiteiras. O sindicato teme novas demissões entre os cerca de sete mil funcionários em férias coletivas, que terminam nos próximos dias.

Segundo a assessoria de imprensa da Vale, no entanto, houve até o momento 1.300 demissões em todo o mundo, sendo apenas 62 em Itabira, e a companhia deu férias coletivas para 4.040 empregados e demitiu outros 260.

A assessoria de imprensa da Vale afirmou que não houve paralisação das minas com a manifestação. A companhia reitera que "a negociação é a melhor forma para manter o nível de empregos, e o extremismo e o radicalismo não são as melhores formas de negociação".

(*) Da CBN

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