Título: Sete anos depois, assassinato de Celso Daniel ainda não foi julgado
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 21/01/2009, O País, p. 4

Refúgio na França impede família de assistir à missa pela morte do prefeito

SÃO PAULO. Poucos amigos foram ontem à missa que lembrou os sete anos da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), na Igreja Matriz da cidade. A família do prefeito assassinado, refugiada na França após receber uma série de ameaças, mandou uma carta emocionada, pedindo a punição dos culpados pelo crime. Mas o documento não foi lido na missa porque a igreja não autorizou a manifestação. A nova promotora do caso, Eliana Faleiros Vendramini, no entanto, avalia que o processo irá a julgamento até maio deste ano, em júri popular.

- Sete anos se passaram, e as coisas continuam muito lentas - disse a cunhada de Daniel, Marilena Nakano, por telefone.

Bruno Daniel, irmão do prefeito, sua mulher, Marilena, e os três filhos do casal dizem sentir saudade do Brasil, mas não podem vir ao país. Caso contrário, perdem o título de refugiados, concedido pelo governo francês em 2006, por causa da complexidade do caso Celso Daniel.

A família de Daniel disse na carta que está ansiosa com o caso e preocupada com a troca de promotores. A Procuradoria-Geral do Ministério Público afastou do caso o promotor Roberto Wider Filho e colocou Eliana Vendramini em seu lugar.

"Desejo que a nova promotora que assumiu as investigações seja iluminada pelos ideais de Justiça e que tenha a mesma força necessária que tiveram os promotores Roberto Wider Filho e Amaro Tomé Filho (...) para enfrentar as pressões que virão pela frente por parte daqueles que querem esconder a verdade", diz Bruno na carta.

- A tensão da família do prefeito é muito justa por causa da demora, mas não há melindres entre eu e o promotor Roberto Wider - disse a promotora.

A denúncia do assassinato foi apresentada em 2002, mas até hoje a Justiça de Itapecerica da Serra, encarregada do caso, não definiu o julgamento. Foram denunciadas oito pessoas. Entre elas, o empresário e ex-segurança do prefeito, Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, acusado de ter encomendado o sequestro e a morte de Daniel. Sombra responde em liberdade.