Título: PDT obedece a Planalto e vai de Tião e Temer
Autor: Lima, Maria; Camarotii, Gerson
Fonte: O Globo, 22/01/2009, O País, p. 8

Lupi veta apoio a Sarney nas eleições para o Senado, mas pode liberar a bancada; partido rompe com bloquinho

BRASÍLIA. A pedido do Planalto, e sob o comando do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o PDT, com 25 deputados e cinco senadores, oficializou ontem o apoio às candidaturas de Tião Viana (PT-AC), para a presidência do Senado, e de Michel Temer (PMDB-SP) para o comando da Câmara. Nas decisões, o partido acrescentou seu o veto ao apoio de pedetistas à candidatura do senador José Sarney (PMDB-AP) ao comando Senado.

O partido decidiu ainda romper com o Bloco de Esquerda, o Bloquinho, formado até então por PSB, PCdoB e PDT, por causa da candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que disputará contra Temer. O apoio a Temer, porém, pode ser revisto pelo PDT se Sarney for eleito, dia 2. A eleição na Câmara ocorre após a escolha dos senadores, no mesmo dia. Lupi ressaltou a importância de PT e PMDB dividirem o comando das duas Casas.

- Isso demonstra que o PDT trabalha pelo equilíbrio na República. Estamos fechados com a correlação que garante a democracia: Temer na Câmara e Tião no Senado - disse Lupi, presidente licenciado da legenda, ao lado de Temer e de Tião.

Em conversas reservadas, pedetistas disseram que esse apoio é uma forma de Lupi "mostrar serviço" e obedecer à determinação do Planalto de blindar a candidatura de Temer. Alguns classificaram até como jogo de cena. Ou seja, como não haverá recuo de Sarney, devem liberar o voto da bancada.

- Se o PMDB insistir nas duas Casas, vai ser um problema. Fica difícil aceitar. Se sentirmos que isso vai acontecer, vamos nos reunir na véspera da eleição para decidir - disse o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP).

- A decisão do PDT, para mim, foi excelente. Vão apoiar Temer desde que o PMDB não presida as duas Casas. Lá na frente devem reavaliar e liberar a bancada - disse Aldo.

"Não tinha como sustentar a candidatura", diz Garibaldi

O apoio do PDT reforçou o otimismo de Temer, que calcula ter cerca de 425 dos 513 votos. De manhã, ele recebeu o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), Cândido Vacarezza (PT-SP) e outros petistas para ouvir que o PT está fechado com sua candidatura. O presidente do partido, Ricardo Berzoini, não foi, mas telefonou na véspera e confirmou a decisão.

Tião Viana, por sua vez, calcula que tem 36 dos 81 votos no Senado, e o PMDB de Sarney, 37, ficando com os 13 senadores do PSDB a decisão desse empate.

Apesar do discurso oficial, a cúpula do PT recebeu recados da Câmara de que haverá dissidência se Tião for derrotado.

- Como a eleição do Senado acontece antes da da Câmara, pode haver contaminação. Sarney negou que era candidato. Agora é o PT que tem de administrar isso? - disse a líder no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC).

No fim do dia, o atual presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), antecipou ao GLOBO a decisão de sair da disputa, em favor de Sarney:

- Seria falta de espírito partidário não fazer isso. Não tinha mais como sustentar a minha candidatura.