Título: MP contesta números do governo
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 23/01/2009, O País, p. 3

Procuradores confirmam bloqueio de apenas US$450 milhões.

SÃO PAULO. O Ministério Público Federal em São Paulo contestou os números do Ministério da Justiça e confirmou ontem apenas o bloqueio de US$450 milhões do banco Opportunity em contas mantidas em Nova York. O MPF disse desconhecer a cifra de US$2 bilhões. Sequer o montante de pedidos já feitos de bloqueio de contas no exterior ligadas ao banqueiro Daniel Dantas, dono do banco, chegaria a US$2 bilhões, segundo os procuradores da República.

No ano passado, foram feitos outros três bloqueios de contas ligadas ao Opportunity. No último, em 29 de novembro, foram bloqueados US$46 milhões no Reino Unido. Anteriormente, em 11 de setembro, foram feitos dois bloqueios no Brasil, de R$535,7 milhões e R$10 milhões. Os pedidos de bloqueio das contas partiram todos do próprio Ministério Público em São Paulo.

O Opportunity afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "desconhece o bloqueio dos recursos como divulgado pelo Ministério da Justiça à mídia".

Ministério da Justiça sustenta dados e recorde divulgados

Mesmo diante da contestação, o Ministério da Justiça manteve, em seu portal na internet, a informação de que conseguiu bloquear US$2 bilhões em contas bancárias mantidas no exterior e relacionadas à Operação Satiagraha, que investiga crimes de corrupção, desvio de verbas públicas, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. De acordo com o órgão, foi o maior bloqueio de recursos suspeitos da História do Brasil.

O MPF também argumentou que o local do bloqueio e os nomes dos titulares não serão divulgados no momento, "em face do compromisso assumido com os países cooperantes e para não atrapalhar investigações subsequentes".

A Operação Satiagraha foi deflagrada no dia 8 de julho de 2008, contra suspeitos de corrupção e de promover lavagem de dinheiro. Entre os presos estavam, além de Dantas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, acusado de corrupção em vários processos, e o investidor Naji Nahas