Título: Números conflitantes
Autor: Almeida, Cássia; Nobrega, Camila
Fonte: O Globo, 23/01/2009, Economia, p. 23

PME e Caged têm metodologias diferentes.

No início da semana, o Ministério do Trabalho informou o corte de vagas com carteira assinada. Foram extintos quase 655 mil postos, o dobro do número tradicionalmente registrado em dezembro. Mas na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, a taxa de desemprego foi a menor desde 2002. Há explicações para números tão diferentes.

O IBGE considera só seis regiões metropolitanas na sua pesquisa, ao contrário do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que tem abrangência nacional. A área metropolitana é mais influenciada pelo comércio e os serviços. As demissões têm se concentrado na indústria e na agricultura, que atingem mais o resto do país.

A pesquisa do IBGE é por amostra e feita nos domicílios, e é considerado desempregado quem procurou uma vaga nos últimos 30 dias e está disponível nos últimos sete dias. Já o Caged é um registro administrativo, ou seja, todas as empresas informam suas admissões e dispensas - e têm de fazer isso ainda no ano fiscal.

Segundo Cimar Azeredo, do IBGE, também não houve coleta de dados na quinta e última semana de dezembro, o que também explica a diferença dos números.

Além disso, a PME leva em conta o emprego sem carteira assinada e por conta própria. Dados que ficam de fora do Caged.

- O emprego formal (foco do Caged) é o primeiro a sentir os efeitos da crise. Nas regiões da PME, o corte pelo Caged foi de cem mil vagas, que devem aparecer na PME de janeiro - disse Lauro Ramos, do Ipea.

A tendência é clara nas filas do seguro-desemprego. No Estado do Rio, o número de pedidos até o dia 21 (3.849) já cresceu 5,6% sobre 2008. (C.A. e C.N.)

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