Título: Alta renda atrasa pagamentos
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 20/03/2009, Economia, p. 16

Os consumidores com renda acima de R$ 2.491 se destacaram entre os inadimplentes em janeiro e fevereiro, segundo levantamento realizado pela TeleCheque, empresa especializada na concessão de crédito no varejo. Comparado com o mesmo período de 2008, o aumento foi de 182,89%.

¿São pessoas que tem mais acesso ao crédito e, por consequencia da redução dos limites em função da crise financeira, desequilibraram seus gastos¿, comenta Dirlene Martins, diretora do TeleCheque. Apesar do crescimento, os consumidores que tem rendimentos entre R$ 1.246 e R$ 1.660 continuam representando a maior faixa de devedores, 28,92%.

Foram entrevistados 822 consumidores em todo país. A maioria de inadimplentes são mulheres (56,69%), têm idade entre 31 e 40 anos (34,06%), são casadas (48,39%) e concluíram o nível médio (45,50%). O item mais comprado foi vestuário (21,25%), seguido de produtos supermercado (15,13%) e calçados (10,23%). ¿Esta é uma época de gastos maiores com impostos (IPVA, IPTU), com matrícula escolar e materiais escolares. É um momento em que é comum o aumento da inadimplência¿, afirma Martins.

A inadimplência apontada na pesquisa leva a crer que os consumidores não souberam usar o crédito mas não devem manter a situação: 53,62% dos devedores estão com uma prestação atrasada, 14,02% acumulam duas prestações e 10,79%, três parcelas. Considerando a alta faixa salarial daqueles que estão devendo, ¿não é esperado que mantenham as dívidas em aberto e por isso, a curva da inadimplência deve se equilibrar¿, avalia a diretora do TeleCheque.

A maioria dos débitos são de valores que vão de R$ 50 a R$ 90 (24,92%). Dívidas maiores também estão em aberto: 22,36% têm valor médio de R$ 200 a R$ 399 e 21,58%, de R$ 100 a R$ 199.Mais de 53% dos devedores alegaram que a dívida foi motivada por descontrole financeiro e esquecimento. Desemprego e atraso de salário somam 13,12% das justificativas.