Título: Criador do Fórum de Davos admite que líderes subestimaram a crise
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 26/01/2009, Economia, p. 15

Schwab acusa conveniência política em "mea culpa". Evento começa quarta.

GENEBRA. Criador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab afirmou ontem que os líderes empresariais e políticos que se reúnem anualmente no vilarejo de Davos, nos Alpes suíços, subestimaram os sinais e alertas de que uma grande crise se aproximava. Em sua avaliação, elas se tornaram, assim, responsáveis pela extensão dos estragos que a turbulência está causando em todos os continentes. O próximo Fórum de Davos começa na quarta-feira.

Será um dos encontros mais importantes dos 38 anos de história da organização. Davos, de certa forma, ajudou a promover a receita do desastre. Ou seja: desregulamentação e mínima de intervenção do Estado.

- Nós todos, coletivamente, não demos atenção suficiente (aos alertas e sinais da crise). Era conveniente, politicamente, achar que o mundo poderia continuar crescendo de forma insustentável e que tudo continuaria igual. Todos somos responsáveis - disse Schwab, ontem, na coletiva que apresentou os detalhes do encontro.

Há dois anos, por exemplo, Davos celebrou a euforia com a quantidade de crédito fácil e barato no mundo. E passou a chamar de Mr Doom (algo como Doutor Maldição) o economista que primeiro alertou para o tamanho da tsunami que se formava: Nouriel Roubini.

Influência do Brasil será tema de debate

Feito o mea culpa, as 2,5 mil pessoas inscritas no Fórum - público recorde - terão como missão central oferecer respostas a duas perguntas: como sair da pior crise desde 1929 e o que fazer para evitar que isso aconteça de novo? O papel da China na recessão e na recuperação global também terá destaque.

Haverá um almoço dedicado ao Brasil e sua crescente influência internacional. Entre os debatedores estará o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não comparecerá, deixando a representação do país ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. O governador do Rio, Sérgio Cabral, também vai.