Título: Consumidor está reticente em comprar
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 28/01/2009, Economia, p. 19

Crise afeta disposição, apesar de a expectativa com a economia ter melhorado

RIO e BRASÍLIA. Os consumidores brasileiros começaram o ano mais otimistas, mas ainda falta confiança para comprar bens de valor mais alto, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) avançou 3% em janeiro frente a dezembro de 2008.

O ICC passou de 97,4 pontos em dezembro para 100,3 pontos em janeiro (quanto mais próximo de 200, maior o nível de confiança). No entanto, apesar da alta, o resultado ainda é o menor verificado no mesmo período desde 2005, início da série histórica. Em relação a janeiro de 2008, houve uma queda de 14,4% no ICC.

Para o economista do Ibre/FGV Aloisio Campelo, é importante ressaltar que a alta aparece sobre parâmetros de comparação muito baixos (já que o ICC desabou em outubro e novembro). Entretanto, segundo ele, a pesquisa mostra que, para os consumidores, o pior momento já passou, e a preocupação agora seria relativa à compra de bens duráveis, que são mais dependentes de crédito:

- As condições de crédito pioraram, e os consumidores estão bastante cautelosos. Embora a confiança no mercado tenha aumentado, as pessoas não querem se endividar por meio de compras de bens duráveis. Ainda não se pode comemorar o aquecimento de alguns setores da economia.

No estudo da FGV, o quesito que mede a intenção de compra de bens duráveis continua caindo, mostrando queda de 5,5% este mês em relação a dezembro. Segundo o relatório, com base em dados coletados entre 2 e 22 de janeiro, esse indicador passou de 79,5 pontos em dezembro para 75,1 este mês.

Já o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) ficou em 47,4 pontos este mês, o mais baixo desde janeiro de 1999. Isso indica falta de confiança dos empresários na economia brasileira. Desde outubro de 2002 o Icei não ficava abaixo de 50 pontos, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Dos 27 setores pesquisados, 22 registraram queda na confiança ante outubro de 2008, e 19 ficaram abaixo de 50 pontos.