Título: Oposição critica redução de investimento
Autor: Aggege, Soraya; Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 29/01/2009, O País, p. 4

Para relator do Orçamento, medida indica a gravidade da crise econômica.

BRASÍLIA. O bloqueio de R$37,2 bilhões do Orçamento da União foi interpretado pela oposição como um indicativo claro de que a crise econômica é grave e, pela primeira vez, o governo estaria admitindo essa gravidade. O anúncio provocou críticas da oposição e surpreendeu até o relator da lei, senador Delcídio Amaral (PT-MS), que esperava um corte menor nas despesas de custeio e investimento do Executivo. Ele disse acreditar que o governo já dispõe de informações que indicam um quadro mais preocupante para a economia do que o divulgado.

- Tomaram uma medida conservadora, cautelosa e prudente para aguardar os acontecimentos até março. O governo deve estar com informações que preocupam, números da receita que indicam um quadro desfavorável- disse Delcídio.

O líder da minoria, deputado Luiz Carlos Aleluia (DEM-BA), criticou o fato de o governo ter insistido em aprovar um orçamento com estimativa de crescimento de 4,5%, quando a crise mundial já estava instalada. Na negociação com o Congresso, esse parâmetro caiu para 3,5%, percentual alto, para Aleluia:

- O bloqueio de recursos do Orçamento mostra a incapacidade de ver o futuro. O governo quis esconder a crise e não tomou providências. O Orçamento aprovado é irreal, de fantasia. Não tenho dúvidas de que o governo já tem informações de que haverá uma queda monumental dos impostos.

Despesas com pessoal preocupam tucano

Para o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), um dos principais interlocutores do partido, o bloqueio é necessário, mas foi feito de forma inadequada, porque atingiu investimentos, quando teria de reduzir despesas de custeio. Segundo ele, em 2008 o governo agiu na contramão do que seria recomendável, comprometendo-se com gastos de pessoal nos próximos três anos e elevando as despesas com o custeio da máquina.

- O governo fez um orçamento achando que o mundo está às mil maravilhas. A receita está superestimada, e a saída seria segurar o custeio. Mas me pergunto como isso será feito, já que aumentou o salário mínimo acima da inflação.

O presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, afirmou que os municípios podem ser prejudicados, já que não poderão contar com investimentos previstos nas emendas parlamentares.