Título: Sarney diz que gostaria de candidatura única
Autor: Camarotti, Gerson; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 29/01/2009, O País, p. 8

Aumenta pressão para que Tião saia da disputa pelo Senado; petista ainda negocia com PSDB.

BRASÍLIA. Aclamado oficialmente pelo PMDB candidato à presidência do Senado - cargo que já ocupou duas vezes -, José Sarney (PMDB-AP) disse que não procuraria o petista Tião Viana (AC) para pedir que saísse da disputa, mas afirmou que o ideal seria a candidatura única na Casa. Segundo ele, envolver-se pessoalmente nessa articulação seria "ultrapassar limites":

- O desejo (de candidatura única) não era só do presidente Lula. Era também meu e de todos nós do Senado o desejo de que isso (a disputa) não ocorresse. Mas me sinto à vontade porque não contribuí para essa disputa. Essa construção de articulações é sempre feita pelas lideranças. Eu não quero, de nenhuma maneira, como parlamentar, ultrapassar esses limites.

Viana reagiu à pressão:

- Ele (Sarney) está pensando que o Senado é um fundo de quintal. Seria um ato de bom senso se ele abrisse mão da (candidatura) dele. A minha permanece como a candidatura da renovação. Tem gente que tem uma visão patrimonialista da vida pública. Farei a disputa com o senador Sarney com respeito, à altura da vida pública dele e da minha.

A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), reafirmou o apoio a Viana. Nos bastidores, porém, teria conversado com Renan, que a alertou sobre o risco de o petista ter menos de 20 votos, e o PT ficar sem representação na Mesa. O futuro líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), reforçou:

- É deselegante solicitar agora a retirada da candidatura de Viana, que representa a renovação. Vamos ao plenário.

Os dois candidatos disputam os votos dos 13 senadores do PSDB e aceitaram uma lista de 12 reivindicações dos tucanos, entre elas a rejeição pública de um terceiro mandato do presidente Lula, além do direito de indicar nomes para a 1ª vice-presidência; a 4ª secretaria, e as comissões de Assuntos Econômicos e Relações Exteriores. Os tucanos adiaram a decisão.

- Estou desafiando o Criador mais uma vez (ao disputar). Não vou permitir nódoas em minha biografia - disse Sarney, segundo Arthur Virgílio (PSDB-AM).

Sarney, que tanto resistiu, assumiu o gosto pelo cargo:

- Não desejei, não quis, não queria, e esperava que não se chegasse a essa situação, mas, inevitavelmente, não pude deixar de atender às solicitações que recebi do partido. Não posso pensar só no meu bem estar e abdicar de prestar um serviço ao país.