Título: PSDB apoia Viana no Senado e bancada racha
Autor: Vasconcelos, Adriana; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 31/01/2009, O País, p. 10
Tucanos fracassam na barganha de cargos com Sarney e se aliam a petista. Na Câmara, Temer comemora decisão.
BRASÍLIA. A decisão do PSDB de apoiar o petista Tião Viana (AP) para a presidência do Senado não só rachou a bancada tucana como expôs a fracassada barganha fisiológica feita pelo partido com o PMDB em busca do comando da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e outros cargos na Mesa. Dos 13 tucanos, pelo menos um - Papaléo Paes (AP) - já antecipou que não seguirá o partido. No quartel general montado pelo candidato do PMDB, José Sarney (AP), a expectativa é que pelo menos outros seis tucanos também se rebelem na votação secreta. A mudança de lado do PSDB, porém, garantiu novo ânimo à campanha de Tião Viana.
O dia ontem foi de recontagem de votos, guerra de informações e ameaças. Os aliados de Sarney garantiam mais de 50 dos 81 votos. Viana apostava na conquista de até 49 votos. Os dois lados admitem traições - pelo menos 20 senadores aparecem nas listas de ambos.
- O PSDB é um partido que tem expressão no Congresso, vai fazer falta. Agora, quanto à contabilidade dos votos, não alterou muito - disse Roseana Sarney (PMDB-MA).
A alegação oficial do presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), e do líder, Arthur Virgílio (AM), foi a de que o petista teria sido mais explícito no apoio à lista de exigências políticas apresentadas pela bancada, como o compromisso de não apoiar um terceiro mandato para o presidente Lula. Guerra rebateu críticas:
- Claro que desejamos espaço na Casa, mas nossa decisão foi política.
Virgílio, que prometeu reforçar a campanha de Viana, falou da dificuldade que teria em estar ao lado de aliados de Sarney como Renan Calheiros (PMDB-AL), Gim Argello (PTB-DF) e Fernando Collor (PTB-AL):
- Precisamos mudar a administração do Senado e a imagem da instituição. O entorno de Sarney não deixaria ele fazer isso. Tivemos de superar os problemas que muitos de nós enfrentam nos estados com o PT para apoiar Tião. Transformamos uma eleição certa em incerta.
Na quarta-feira, Virgílio minimizara a ligação de Sarney com Renan, dizendo que não se podia ficar olhando para trás.
- Seria melhor ganhar com a parceria dos tucanos, mas mesmo sem eles o senador Sarney deverá vencer com boa margem de votos - disse o líder do DEM, Agripino Maia (RN).
Oposição a Temer fala em golpe na Câmara
A mudança refletiu também na Câmara. Além do reforço do Planalto, a decisão do PSDB influenciou favoravelmente a campanha de Michel Temer (PMDB-SP) para o comando da Casa - em vez 300 votos, seus aliados passaram a contar 340 votos.
- É lógico que o novo quadro no Senado vai facilitar as coisas na Câmara - admitiu o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN).
À noite os ânimos se acirraram, com um protesto, no Salão Verde, dos candidatos Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Ciro Nogueira (PP-PE) e Osmar Serraglio (PMDB-PR) e de aliados deles contra o que chamaram de "golpe" de Temer: a informação da secretaria-geral da Mesa de que será eleito presidente quem alcançar a maioria absoluta de votos válidos, incluídos votos em branco, e não a maioria absoluta dos 513 deputados. Eles apontam uma manobra de Temer para ser eleito com menos de 257 votos, maioria absoluta.
- É desespero, porque Michel sabe que não tem 257 votos - disse Nogueira.
Temer reagiu:
- Há uma certa aflição dos três ilustres colegas no final da campanha.
oglobo.com.br/pais
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