Título: Temer luta para vencer eleição já no primeiro turno
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 01/02/2009, O País, p. 8

Ciro Nogueira prevê a "implosão" do candidato adversário

BRASÍLIA. Na Câmara dos Deputados, a avaliação geral na sexta-feira era de que, se Michel Temer não vencer no primeiro turno, poderá ter muitas dificuldades numa segunda votação. Por isso, as horas que antecedem a eleição de amanhã serão de muito trabalho para Temer, seu grupo e para o Planalto, que prevê problemas com o próprio PMDB em caso de derrota.

- O presidente Lula foi correto neste processo do começo ao fim. Seu apoio ajuda muito na campanha de Temer. Além disso, estamos trabalhando uma candidatura institucional. Ela tem o apoio dos partidos. Por isso, não acredito em traição. Isso seria enfraquecer a própria Câmara - disse o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).

Na reunião com 14 líderes, Temer ouviu números otimistas, como os apresentados pelo líder do DEM, ACM Neto (BA), que listou nome por nome, garantindo que a bancada vai fechada. Mas no DEM também há dissidências. O problema é que o Blocão, em vez de amarrar votos, pode provocar a traição dos descontentes, que ficaram de fora da chapa oficial ou não viram seus grupos atendidos e podem lançar candidaturas avulsas para os demais postos da Mesa.

- A candidatura do Temer vai implodir neste domingo, quando ele anunciar e registrar a chapa - diz Ciro Nogueira.

"Partido não vota. Quem vota é deputado"

O líder do PR , Luciano Castro (RR), que administra a disputa interna pela indicação da 2ª secretaria, aposta o contrário. Admite que em seu partido Nogueira leva até sete votos, mas diz confiar na vitória de Temer:

- Vai ser uma surra. Mas conversei com Ciro agora, e ele disse que vai surpreender.

- Não se surpreendam, não. Partido não vota, quem vota é o deputado. E o Ciro tem uma empatia com a Casa - aposta o líder do PP, Mário Negromonte.

Nesta reta final, outro constrangimento é a disputa interna na cúpula do próprio PMDB. Na semana passada, por coincidência, peemedebistas da Câmara e do Senado, entre uma negociação e outra, se esbarraram à noite num restaurante de Brasília. Renan Calheiros (PMDB-AL), principal articulador da candidatura Sarney, que estaria, nos bastidores, trabalhando em favor da eleição de Aldo Rebelo, chegou com os colegas Wellington Salgado (PMDB-MG), Gim Argello (PTB-DF) e o presidente da Transpetro, Sérgio Machado. O constrangimento foi tamanho que a turma de Renan optou por trocar de restaurante. Antes, porém, foi abordado por Temer:

- É verdade que você está pedindo votos para o Aldo?

- Eu estou cuidando só do Senado - afirmou secamente Renan, encerrando o diálogo.

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