Título: Mordomia acirra disputa de cargos no Senado
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 01/02/2009, O País, p. 8

ELEIÇÃO NO LEGISLATIVO: Apesar da informática, senadores têm cotas de correio que podem chegar a R$60 mil ao mês

Estrutura dos gabinetes dos titulares e suplentes tem pelo menos 11 cargos extras, com salários de até R$9 mil.

BRASÍLIA. A disputa acirrada por uma vaga na Mesa Diretora do Senado não ocorre à toa. Embora a maior parte dos cargos tenha funções protocolares - como lavrar e assinar atas de sessões secretas, fazer chamadas dos senadores ou contagens de votos - os sete titulares e quatro suplentes gozam de uma estrutura parlamentar extra de fazer inveja, que equivale quase à mesma de seus gabinetes pessoais. Cada um tem direito a nomear livremente cinco assessores e seis secretários parlamentares, com salários que variam entre R$6.750 e R$9 mil.

Presidente tem direito a 17 pessoas no gabinete

A vaga de 1º secretário, a mais cobiçada depois da presidência, por exercer uma função de "prefeito", dispõe de estrutura maior do que os demais cargos da Mesa. Seu titular, além de ser o principal ordenador de despesas da Casa, administrando orçamento anual de R$2,75 bilhões, tem direito a nomear mais dois assessores extras.

A estrutura só é menor do que a do presidente, que, além de seis assessores e seis secretários parlamentares, pode nomear um secretário de imprensa, um chefe de cerimonial, outro de gabinete, um terceiro de relações institucionais e um quarto de relações internacionais. Os salários vão de R$9 mil a R$9,8 mil. Quem vencer a eleição amanhã contará com os serviços de 12 funcionários terceirizados na residência oficial.

A Mesa do Senado ainda é sinônimo de prestígio: seus integrantes têm prerrogativa de comandar as sessões na ausência do presidente. Foi em sua gestão como primeiro vice-presidente que Tião Viana (PT-AC) começou a traçar sua candidatura. Ele ocupou o cargo no final de 2007, quando o então titular, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi obrigado, primeiro, a se licenciar e, depois, a renunciar ao posto em razão dos processos por quebra de decoro.

Em seus gabinetes pessoais, os senadores, que recebem por ano 15 salários de R$16.512,09, podem contratar cinco assessores e seis secretários, com salários médios de R$10 mil. Dispõem de verba de gabinete de até R$15 mil por mês, paga mediante comprovação dos gastos. E de cota de combustível de até 25 litros diários. Aqueles que não ocupam os 72 imóveis da instituição têm direito a auxílio-moradia de R$3.800 mensais.

Um senador do Amapá, como o candidato à presidência José Sarney (PMDB-AP), por exemplo, poderá gastar até R$4 mil por mês com correio. Um senador paulista, R$60 mil. A postagem é feita pelo Senado, e o pagamento é feito diretamente à ECT. Eles dispõem ainda de uma cota na gráfica do Senado de R$8.500 por ano e de quatro passagens aéreas por mês de ida e volta para seus estados.

oglobo.com.br/pais