Título: Comissão para enxugar a Casa
Autor: Colon, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 24/03/2009, Política, p. 02

Grupo de servidores é formado com o objetivo de reduzir o número de cargos de chefia no Senado, mas deve enfrentar resistências dos atuais ocupantes desses postos

O Senado pretende criar uma comissão especial de servidores para conter o caos administrativo. Uma espécie de gabinete de crise deve assumir os trabalhos nos próximos dias. A ideia inicial é se antecipar à auditoria da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e reduzir de 36 para 20 o número de secretarias hoje existentes. Com isso, 16 servidores perderiam o status de diretor com a maior gratificação, de R$ 2,2 mil. Duas dessas secretarias já foram degoladas na sexta-feira: Estágios e Relações Institucionais.

A comissão, se confirmada, terá 30 dias para entregar um plano de redução dos cargos de chefia, que inclui também os diretores de subsecretarias, estimados em 75. Eles recebem um bônus de R$ 2 mil no salário. Somando com funcionários de mesmo status em outros órgãos sem caráter de secretaria ou sub, chega-se ao polêmico número de 181 diretorias divulgado na semana passada.

Na sexta-feira, o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), anunciou o fim de 50 dessas vagas de comando. Ontem pela manhã, o senador reuniu-se com assessores para discutir o assunto. Servidores exonerados pressionam para retomar os postos de direção. Por e-mail, alguns reclamaram dos critério adotados no corte, feito pelo diretor-geral, José Alexandre Gazineo, braço-direito do ex-diretor Agaciel Maia. Alegam que ele tomou a decisão em conjunto com aliados do ex-chefe. A polêmica cresceu depois que Gazineo usou como argumento o ¿menor conteúdo de competência¿ na escolha de quem perdeu o cargo. Algumas vagas podem ser mantidas em troca de outras demissões. Até o fechamento desta edição, o Senado não havia publicado o boletim com as exonerações anunciadas na sexta-feira. A expectativa é que sejam divulgadas entre hoje e amanhã a demissão de 11 funcionários de confiança que ocupam cargos de direção.

PT x PMDB O petista Tião Viana (AC) foi ao plenário ontem informar que não deu aval para o PT selar um acordo de paz com o PMDB num jantar na semana passada. No encontro, os senadores Aloizio Mercadante (PT-SP) e Ideli Salvatti (PT-SP) teriam feito um acordo com Renan Calheiros (PMDB-AL) e Gim Argello (PTB-DF) para colocar fim à crise interna.

Irritado, Tião avisou que não fez parte desse acerto. ¿Quero deixar claro que aquela reunião não contou com a minha autorização, tudo o que se tratou não teve o meu envolvimento, portanto estou distante dela, do que se tratou nela e do que se decidiu nela¿, afirmou.

O senador entrou na berlinda depois da divulgação de que emprestou um telefone do Senado para a filhar viajar ao México em janeiro e da suspeita de que teria gasto uma fortuna com despesas médicas. Da tribuna, na semana passada, Viana apresentou os valores, que chegam a R$ 55 mil em 10 anos. Outro que falou da crise administrativa foi o senador Papaléo Paes (PSDB-AP). ¿Os erros devem ser punidos e reparados, mas não se pode jogar fora toda a instituição¿, afirmou.