Título: Lula pede estudo sobre juros no país
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 01/02/2009, Economia, p. 28

Governo planeja divulgar ranking das instituições que têm maior `spread¿

BRASÍLIA. Irritado com as altas taxas de juros cobradas pelos bancos no país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou que a equipe econômica faça um estudo explicando o motivo de os spreads (diferença entre o que o banco paga ao captar dinheiro e o quanto ele cobra na hora de emprestar) estarem tão elevados. Lula já cobrou a redução dos spreads de instituições públicas como Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica e agora quer pressionar o setor privado a fazer o mesmo.

Uma ideia em estudo no governo seria dar publicidade a um ranking mostrando quais bancos têm os maiores spreads. Segundo técnicos do Ministério da Fazenda, embora os consumidores já contem com a tabela do Procon para saber quem cobra mais, a divulgação do ranking seria uma pressão adicional. No Palácio do Planalto, a expectativa é que haja um constrangimento das instituições.

O estudo sobre spreads será elaborado pelo Banco Central (BC) e pelo Ministério da Fazenda e apresentado a Lula em três semanas. Além da possibilidade de divulgar o ranking, os técnicos trabalham em outras propostas para reduzir os spreads, que também serão postas na mesa no presidente.

Meirelles: crédito voltará ao normal em até 60 dias

O BB e a Caixa Econômica já seguiram a determinação do presidente e reduziram suas taxas no início do ano. Segundo técnicos da Fazenda, devem continuar o processo. Suas taxas de crédito pessoal estão em 4,99% e 4,39%, respectivamente. No Bradesco, ela é de 5,91%. No Santander, de 6,36%.

Ao participar do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse ontem que as condições de crédito para o Brasil voltarão ao normal em dois meses.

¿ O Brasil é um dos poucos países emergentes que têm recursos para substituir o crédito internacional ¿ afirmou.

Ele citou o esforço do governo para destravar empréstimos. O BC destinará até US$20 bilhões de suas reservas internacionais para mais de quatro mil empresas com dívida no exterior vencendo entre setembro de 2008 e o fim deste ano.

(*) Com agências internacionais