Título: Ministros à caça de votos
Autor: Fernandes, Diana; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 02/02/2009, O País, p. 4

Justificativa é defesa dos partidos.

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou cautela a seus ministros e auxiliares na condução do processo eleitoral na Câmara e no Senado, mas eles entraram de cabeça na campanha defendendo interesses de seus partidos. Responsável pela articulação do governo com o Congresso, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB), está participando das negociações desde a última sexta-feira, com mais empenho na Câmara. Busca votos para Michel Temer (PMDB-SP).

- Estou aqui por conta do PTB. Michel Temer é candidato do PTB - desconversou Múcio ao deixar a liderança do partido.

Do mesmo grupo de Temer, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, trabalhou não só pelo aliado, mas pelo candidato do PT a presidente do Senado, Tião Viana (AC). Para Geddel e Temer, é importante enfraquecer o grupo de Sarney e se manter no comando do partido na decisão de 2010.

Os ministros petistas fizeram campanha para Tião. A atuação do chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, a favor de Tião provocou insatisfação entre aliados de Sarney e queixas à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

- São ações partidárias - disse Múcio, lembrando que Carvalho é do PT.

O irmão de Tião, o petista Jorge Viana, ex-governador do Acre e atual presidente do Conselho da Helibras, desembarcou em Brasília para reforçar a campanha do irmão e teve contato com vários ministros. Nos últimos dias, ele foi presença constante no gabinete petista no Senado.

Sarney teve o apoio de Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, que também pediu votos para Temer. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, engrossou a campanha peemedebista, especialmente por meio de seu suplente, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG).