Título: Pressão em dezembro
Autor: Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 24/03/2009, Política, p. 03

O clima tenso entre Mesa Diretora e servidores da Câmara que ocupam há anos imóveis pertencentes à União começou em 18 de dezembro do ano passado, quando o então presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) editou o Ato 31/2008. A norma estabeleceu que os 33 apartamentos funcionais que faziam parte da reserva técnica do órgão deveriam ser devolvidos à Secretaria de Patrimônio do Ministério do Planejamento. O ato concedeu 90 dias para que os servidores desocupassem os apartamentos. O prazo acabou ontem, mas apenas quatro imóveis foram desocupados até o momento, 24 querem mais tempo para decidir o que fazer e os demais prometem que vão sair em breve.

Os apartamentos foram distribuídos aos servidores em 2005, na gestão do então quarto-secretário e ex-deputado João Caldas. A escolha dos moradores não seguiu qualquer critério e beneficiou tanto servidores efetivos como ocupantes de cargos de natureza especial (CNEs). A maioria dos imóveis foi ocupada por pessoas apadrinhadas dos deputados. Somente o deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) indicou oito moradores. Também possuem moradores sob sua proteção o deputado Ciro Nogueira (PP-PI) e o ex-deputado João Caldas.

Os moradores que conseguiram moradia à custa dos cofres públicos pagam apenas as despesas de luz, condomínio e uma taxa de ocupação que varia entre R$ 79 e R$ 600. Despesas muito abaixo do que teriam de desembolsar pelo aluguel de apartamentos que possuem cerca de 140m² em algumas das áreas mais valorizadas da cidade. (IT)