Título: China promete crescer 8%
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 02/02/2009, Economia, p. 13

Encomenda à Embraer de pé.

DAVOS, Suíça. A única luz no fim do túnel em Davos veio de um país-chave para tirar a economia mundial do buraco: a China. Indiferente aos cenários catastróficos, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, garantiu: o país vai crescer 8% este ano. Depois de discorrer sobre o pacote de estímulo gigantesco que a China adotou - com somas que chegarão a 16% do Produto Interno Bruto (PIB) do país -, Wen disse o que todos queriam ouvir:

- Sim, nós vamos!

O otimismo dele foi reforçado por empresários chineses, que compareceram a Davos em número recorde este ano. É o caso de Chen Feng, dono da quarta maior companhia aérea da China, a Hainan Airlines, cliente da Embraer.

- A economia da China é muito forte. Quando o governo diz que vai fazer algo, normalmente não é problema - garantiu Chen.

Mesma convicção mostrada por Victor Chu, do grupo First Eastern Investment, de Hong Kong:

- Quando eles (o governo chinês) querem fazer, eles fazem!

As companhias aéreas da China estão sendo afetadas pela crise. E o governo também vai injetar dinheiro nesse setor. Mas a boa notícia para o Brasil é que a Hainan, que encomendou nos últimos anos cem aviões da Embraer (50 Embraer ERJ-145 e outros 50 Embraer E-190) - um negócio de US$2,7 bilhões - vai manter seus compromissos de compra.

- Manteremos a nossa programação - afirmou Chen ao GLOBO.

O presidente da Hainan, entretanto, reconheceu que, apesar de sua empresa estar melhor do que as outras - conseguiu aumentar suas receitas em 24% no ano passado - este é um momento de cautela nos investimentos, sobretudo fora da China.

- Estamos mantendo os investimentos no nosso país. Estamos cautelosos nos investimentos de fora. A crise financeira atingiu fortemente o mundo inteiro. Todos os investidores chineses estão cautelosos. Podemos esperar por tempos melhores - afirmou.

O dono da Hainan, que opera nas áreas de aviação (com 180 aviões), turismo e finanças e tem 39 mil empregados, disse que seu grupo está se preparando para a crise desde meados de 2008: demitiu mil empregados, reduziu custos e manteve seus investimentos dentro da China. (Deborah Berlinck, enviada especial)