Título: Foi uma traição ampla, geral e irrestrita
Autor: Camarotti, Gerson; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 03/02/2009, O País, p. 3

Ideli diz que oito senadores não cumpriram promessa de votar em Viana.

BRASÍLIA. Apesar de uma campanha forte nas últimas horas e de contar com o apoio do PSDB, o senador Tião Viana (PT-AC) foi derrotado com um festival de traições que surpreendeu até o PT. Teve apenas 32 dos 39 votos que considerava seguros até o domingo, quando o comando petista contabilizava a possibilidade de até 8 traições. Pelo menos uma teria sido de um senador do PT.

Faltaram também votos do chamado grupo de esquerda do Senado, e no PSDB a dissidência pode ter sido de dois ou três, embora o líder, Arthur Virgílio (AM), tenha feito um discurso preventivo garantindo 12 votos - à exceção foi Papaléo Paes, do Amapá, estado pelo qual José Sarney é eleito.

Viana não escondeu a mágoa com as traições. No discurso em que reconheceu a derrota, disse que a disputa com Sarney terminara e que estariam juntos. Mas deixou escapar ressentimento ao concluir tripudiando do DEM: destacou que teve mais votos do que José Agripino (DEM-RN) na eleição que este disputou com Renan Calheiros em 2007.

A ex-líder da bancada, Ideli Salvatti (PT-SC), explicitou sua contrariedade:

- Foi uma traição ampla, geral e irrestrita. Houve pelo menos oito traições. Isso foi resultado de muita operação e de uma metodologia própria do grupo que apoia o Sarney. Eles jogaram pesado.

O temor de traição era tanto no PSDB que alguns abriram o voto para o partido. Álvaro Dias (PR) confirmou que mostrou o voto a Virgílio e outros colegas.

- Que voto secreto, nada. Só gosto do escuro para dormir. Mostrei, sim, o meu voto para o líder. Ninguém pode ter dúvida de como eu votei - disse Dias, que já manifestara antes que votaria em Sarney.