Título: Eleição de Sarney tira Renan do ostracismo
Autor: Lima, Maria; Fernandes, Diana
Fonte: O Globo, 03/02/2009, O País, p. 5

O FUTURO REPETE O PASSADO: Collor também apoia chapa vitoriosa e deve presidir Comissão de Relações Exteriores.

Ex-presidente do Senado, que renunciou ao cargo para não ser cassado, volta a ter papel de destaque na Casa

BRASÍLIA. Com a eleição do PMDB para as presidências da Câmara e do Senado, volta ao poder o grupo do partido que dava as cartas no governo Fernando Henrique Cardoso. São pelo menos seis, todos muito à vontade no governo Lula, mas que também não descartam a possibilidade de voltar a uma aliança com o PSDB em 2010: o ex-ministro dos Transportes Eliseu Padilha (RS), o ex-ministro da Justiça Renan Calheiros (AL), o ex-presidente da Câmara Michel Temer (SP), o então líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, o ex-presidente do Senado Jader Barbalho (PA) e o então vice-líder de Geddel, Henrique Eduardo Alves (RN).

No início do governo Lula, relembra Padilha, esse grupo, chamado pelos petistas de "viúvas de FH", ficou um bom tempo em banho-maria. Mas aos poucos ocupou espaço e hoje volta ao comando do Congresso. Renan, que chegou a presidir o Senado, foi obrigado a renunciar ao cargo em 2007, para escapar da cassação, após a divulgação de que um lobista pagava por ele uma pensão alimentícia. Após um período de ostracismo, retorna como um aliado fundamental na vitória de Sarney.

- No governo Lula, por muito tempo, nos chamavam de viúvas de FH. Eu nunca tive, e agora também não quero, cargos neste governo. No Rio Grande minha disputa é com o PT - disse Padilha, responsável pela contabilidade dos votos.

O hoje ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, não esconde a felicidade pelo fato de seu partido se fortalecer ainda mais.

- Eu tive uma modesta participação neste sucesso. Se vamos ficar mais poderosos? O problema não é mais ou menos poder, é como usar esse poder. Temos que manter o perfil de serenidade e humildade. Somos homens experientes e sabemos como o poder é efêmero - diz Geddel.

Geddel é cotado para ser vice de Dilma em 2010

Entre figuras do passado que retornam, chama a atenção a proximidade de Sarney com o ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTB). Na campanha de 1989, Collor dizia que o governo Sarney era o mais corrupto da História. Esta semana, num acordo para a eleição de Sarney, deve ganhar a presidência da Comissão de Relações Exteriores.

Entre os peemedebistas ligados ao governo Fernando Henrique, hoje com cargos no governo, está o ex-governador do Rio Moreira Franco, um dos principais conselheiros do ex-presidente, a quem chamava de "o príncipe". Moreira era da cozinha do Palácio da Alvorada: um assíduo companheiro de FH nos jantares solitários do palácio.

Desde 2008, Moreira é vice-presidente de Loterias da Caixa Econômica Federal e, nos últimos dias, buscou votos para Temer. Ainda não faz parte daquele grupo do PMDB próximo de Lula, como o ministro Geddel.

O ministro baiano conquistou a confiança do presidente petista e pode ser lembrado para ser o vice da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em 2010. Isso caso o PMDB não volte ao ninho tucano oferecido pelo governador paulista José Serra.