Título: Se faltar crédito, Petrobras pode cortar investimentos
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 03/02/2009, Economia, p. 15

Gabrielli negocia com governos dos EUA e da China para financiar projetos na camada pré-sal, diz "FT".

LONDRES e RIO. A Petrobras poderá cortar investimentos a partir de 2010, se não obtiver o financiamento necessário no mercado de capitais, disse ontem o presidente da empresa, José Sergio Gabrielli. Mas ele, que apresentou em Londres o plano de investimentos 2009/2013, buscou tranquilizar os investidores, ao afirmar que é possível cortar até 35% dos recursos previstos sem atrapalhar os projetos em andamento. A estatal prevê investir US$174,4 bilhões no período.

Gabrielli indicou que poderá refinanciar um empréstimo-ponte de US$5 bilhões com um consórcio de bancos estrangeiros, embora tenha ressaltado que isso seria muito custoso. Segundo o site do jornal britânico "Financial Times", ele também afirmou estar em negociações com governos, incluindo EUA e China, para financiar projetos no pré-sal.

- Tivemos uma série de conversas com diversos países, não apenas a China. Sabemos que será difícil, mas essa será uma importante fonte de financiamento para nós - disse Gabrielli, que não descartou aproveitar a crise para comprar participações de empresas britânicas.

O flerte da Petrobras com a China já tinha chamado a atenção do mercado em dezembro, quando a agência Bloomberg News citou fontes do governo para revelar uma oferta de empréstimos de Pequim para o pré-sal na casa de US$10 bilhões.

Consumo de combustíveis cresce 8,4% em 2008 e bate recorde

No Brasil, o consumo de combustíveis bateu recorde em 2008, com 105,9 bilhões de litros, 8,4% mais que em 2007. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a demanda pelo álcool teve alta de 41,9%, e a de diesel subiu 7,7%. Mas os efeitos da crise mundial já se fazem sentir no setor. Em dezembro, o consumo de diesel caiu 3,3%, e o de gasolina, 2,8%.

- Uma queda do consumo é inevitável. Mas acredito que não chegará a uma estagnação - disse o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, acrescentando que o governo estuda elevar a adição de biodiesel no diesel dos atuais 3% para 4% este ano.

(*) Correspondente, com agências internacionais