Título: Fiscalização da Previdência aponta melhora na situação financeira
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 27/02/2009, O País, p. 4

Nova diretoria fez investimentos de perfil mais conservador e conseguiu superávit de R$1,2 bilhão

BRASÍLIA e RIO. Uma fiscalização da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) na Fundação Real Grandeza detectou que, no biênio 2007/2008, houve melhora na gestão do fundo de pensão dos funcionários de Furnas em comparação com o período de 2004/2005. Órgão da estrutura do Ministério da Previdência, a SPC acompanha a gestão e as aplicações das entidades privadas de previdência complementar.

O secretário de Previdência Complementar, Ricardo Pena, confirmou que a fiscalização mais recente identificou um superávit de R$1,2 bilhão no patrimônio do Real Grandeza, contra um déficit de R$50 milhões em 2005. Segundo ele, a antiga diretoria do fundo negava o déficit e dizia ter superávit de R$400 milhões. Segundo Pena, a atual gestão do Real Grandeza mudou o perfil de sua carteira de investimento para um perfil conservador. Do patrimônio líquido total do fundo de R$5,875 bilhões registrado em dezembro, a maior parte, 75%, é aplicada em títulos públicos, considerados um investimento seguro. Outros 15% estão aplicados em ações, 2% em títulos privados como CDBs, 2% em imóveis e 6% em empréstimos e financiamentos para associados.

- Não vou avalizar, porque nós é que fiscalizamos. Mas houve uma melhora de gestão do Real Grandeza. Tinha déficit e má gerência. Essa nova diretoria não faz mais aplicação de alto risco. Há preferência por ativos mais conservadores e de longo prazo - constatou Pena, evitando comentar a disputa partidária em torno do fundo.

Ele lembra que, na fiscalização anterior, foi detectado uma aplicação de risco de R$153 milhões no Banco Santos, o que representava um quarto de todo o capital da instituição bancária. O Santos quebrou e provocou prejuízo ao fundo de pensão. Pena lembra que, na ocasião, a SPC autuou dirigentes, conselheiros e gerentes do Real Grandeza, com inabilitação de até dez anos.

O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) e os presidentes do Senado, José Sarney (AP), e da Câmara, Michel Temer (SP) - todos do PMDB -, evitaram alimentar a polêmica sobre a frustrada tentativa de mudança no Real Grandeza. Sarney e Temer negaram interferência do PMDB no caso.

- Essa é uma área do Executivo, não é nossa - disse Sarney.

- Não é o PMDB que quer (a troca da diretoria). É questão administrativa - disse Temer.

No Planalto, o governo assinou o contrato de concessão para construção da linha de transmissão que ligará as hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio à Região Sudeste. Mas o Executivo optou por um ato fechado, evitando questionamentos sobre as mudanças no Real Grandeza. Participaram da cerimônia dirigentes das empresas do setor elétrico estatal, inclusive o presidente de Furnas, Carlos Nadalutti Filho, além do presidente Lula e dos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Edison Lobão.

Nos últimos anos, a Fundação Real Grandeza acompanhou as oscilações do mercado e dos principais fundos de pensão do país. Ganhou em momentos de bonança da economia e sofreu em tempos de instabilidade, aponta a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), que congrega as companhias do setor. Hoje, Real Grandeza é o 11º maior fundo de pensão do país, com 5.648 participantes ativos.

Entre janeiro e abril de 2008, a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, a Petros, da Petrobras, a Funcef, da Caixa Econômica Federal, e a Valia, da Vale, viram o valor de seus ativos aumentar. Em 2006 e 2007, todos tiveram alta em seu patrimônio, segundo a Abrapp.