Título: AmBev fecha fábrica e demite 146
Autor: Novo, Aguinaldo; Perboni, Juraci
Fonte: O Globo, 28/02/2009, Economia, p. 26

Empresa alega ajustes no mercado. Sindicato questiona negócio no Cade.

SÃO PAULO. A AmBev anunciou ontem o fechamento de sua fábrica de cerveja em Mogi Mirim, no interior paulista, e a demissão de todos os seus 146 funcionários. A decisão, segundo a empresa, decorre de processo de ajuste "sazonal do mercado de cervejas" e também das expectativas de crescimento do mercado para o ano. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Mogi Mirim e Região, Daniel Constantino Pedro, entretanto, contesta a versão da empresa. Segundo ele, a compra da fábrica, que pertencia à portuguesa Cintra, em meados de 2007, teve como única finalidade evitar que a concorrente Cervejaria Petrópolis adquirisse o negócio.

- Não tem nada a ver com crise, isso é balela. Desde o início, fomos ao Conselho de Administração da Defesa Econômica (Cade) questionar a operação. Esperávamos que o Cade se manifestasse, mas não aconteceu nada - disse Pedro.

Para sindicato, fechamento da unidade estava previsto

A AmBev tem em Jaguariúna, cidade a 25 quilômetros de Mogi Mirim, sua maior e mais moderna fábrica de cerveja no país. Esse era um dos argumentos do sindicato ao questionar as motivações da AmBev no negócio.

- O sindicato nunca teve dúvida de que a política da AmBev aqui não tinha nada que não fosse fechar a fábrica.

Segundo comunicado da AmBev, toda a produção da unidade de Mogi Mirim, de 40 milhões de litros por ano, será transferida para as fábricas da companhia em Jacareí, Jaguariúna e Guarulho, no interior paulista. A empresa informou ainda que 20 dos 166 empregados da fábrica serão transferidos para outras unidades, Informação rebatida pelo sindicato. Segundo Pedro, logo que assumiu a fábrica da Cintra, a AmBev demitiu os funcionários com mais tempo. Os 20 empregados que serão preservados, disse, vão voltar para as unidades de onde saíram.

A AmBev atribuiu o fechamento da fábrica também à necessidade de cortar custos para "compensar a desvantagem relativa" que passou a ter em relação à concorrência devido à alta da carga de impostos (IPI e PIS-Cofins) determinada pelo governo este ano.