Título: Outro problema na Câmara
Autor: Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 25/03/2009, Política, p. 03

Enquanto no Senado a polêmica gira em torno de reajustes salariais aos servidores, na Câmara, a desocupação dos imóveis funcionais pelos funcionários é que tem ocupado a pauta de reuniões e discussões de técnicos e parlamentares. Ontem, o quarto-secretário da Câmara, Nelson Marquezelli (PTB-SP), ignorou as pressões dos colegas que apadrinham a permanência de funcionários nos apartamentos e autorizou a abertura de uma ação de despejo contra os 24 moradores que insistem em permanecer. O pedido foi encaminhado à Advocacia-Geral da União.

A decisão foi uma resposta do deputado à atitude dos moradores de continuar nos imóveis, apesar do ato da Mesa 31/2008 ter determinado a desocupação dos apartamentos até a última segunda-feira. Ao mesmo tempo em que assinava o ofício direcionado à AGU, Marquezelli dava a última revisada na resposta que iria encaminhar ao pedido feito por 24 funcionários para que a Mesa Diretora repense o ato e prorrogue o prazo de 90 dias estabelecido para a desocupação. O quarto-secretário negou todos os pedidos. Na última segunda-feira, um dos moradores, Silvio Pereira, reclamou ao Correio que a Mesa nunca havia se pronunciado sobre as solicitações apresentadas pelos ocupantes dos imóveis.

Obras Na próxima sexta-feira, técnicos da Câmara vão se reunir com representantes da empreiteira Palma para tentar encontrar solução para outro problema enfrentado pela Casa: a paralisação das obras dos 96 imóveis localizados na SQN 302. Os técnicos vão pedir um relato detalhado sobre as condições financeiras da empresa cearense, que ganhou a licitação de R$ 30,2 milhões, embolsou R$ 9,6 milhões, mas há dois meses parou a reforma alegando enfrentar dificuldades.

Na semana passada, o Correio visitou os blocos F, G, H e I da SQN 302 e constatou sinais de abandono que podem resultar em novas despesas para os cofres públicos. Além de ausência dos 200 funcionários que trabalhavam na obra, os prédios já apresentam desgastes nos pisos e rebocos e as pastilhas recém-colocadas já começaram a cair. Depois de ouvir os relatos dos representantes da construtora, técnicos da Câmara vão se reunir com o quarto-secretário, a quem caberá apresentar uma solução para o caso aos integrantes da Mesa Diretora.